Como são as tomadas de decisão de uma boa gestão em tempos de Inteligência Artificial? A IBM divulgou um relatório sobre o assunto com insights importantes de uma pesquisa feita em mais de 30 países, e com mais de 3000 CEOs, em 24 indústrias.
Decidir se vai pedir pizza ou sushi no jantar parece fácil quando você tem que lidar com questões como sustentabilidade, segurança cibernética, diversidade, equidade e inclusão, né?
CEOs precisam tomar decisões mais rápido do que nunca em um mundo que se tornou complexo e vai muito além do valor para o acionista. É um contexto onde não só estamos debatendo a ética da Inteligência Artificial (IA), mas também sua viabilidade em comparação com a tomada de decisão humana.
Pergunte a quem está nesses cargos o que usam para tomar decisões e, normalmente, duas áreas se destacam: dados financeiros e dados operacionais. Mas quando a pergunta é sobre quais são os problemas mais desafiadores para os próximos anos, as questões são muito mais complexas, e exigem uma série de considerações a mais.
Essa complexidade só aumenta, e como os CEOs de alto desempenho conseguem tomar as decisões certas? É um desafio e tanto.
Qual é o papel da inteligência artificial, dados e métricas na tomada de decisão do CEO?
De acordo com o relatório, CEOs que alcançam alta performance são aqueles que têm um crescimento anual de receita projetado para 2023-2025 21% maior do que a média dos entrevistados e margens operacionais anuais 24% mais altas.
CEOs de alto desempenho estabelecem e confiam muito em sua infraestrutura digital, nos dados e nas métricas, acreditando que esses recursos possibilitam investimentos mais inteligentes e aumentam a eficiência na entrega de valor, guiando o comportamento organizacional através de uma visão completa do desempenho e da saúde da organização. Ao analisar esses dados e métricas, é possível identificar tendências, pontos fortes e fracos para pensar nas estratégias.
A inteligência artificial entra nessa história ampliando ainda mais o campo de visão dos CEOs. Com a IA, eles podem processar uma quantidade enorme de dados em um curto período de tempo e extrair insights relevantes que seriam difíceis de captar de outra forma. Em tese, decisões melhores e mais rápidas.
Contudo, segundo o relatório da IBM, CEOs também acreditam que as decisões mais críticas não podem se basear apenas em dados. Intuição, bom senso e conhecimento pessoal ainda têm um papel fundamental.
5 insights sobre a realidade dos CEOs em uma realidade com Inteligência Artificial
- 44% dos CEOs lamentam uma posição pública que tomaram nos últimos três anos porque se encontram diante de urgências e riscos sem precedentes, com um conjunto de novos insumos para tomada de decisões, desde uma quantidade crescente de dados até um grupo cada vez maior de stakeholders que se envolvem cada vez mais nos negócios.
- Três em cada quatro (75%) CEOs acreditam que a organização com a IA generativa mais avançada sai na frente.
- 69% dos CEOs vêem amplos benefícios da IA generativa em toda a organização, mas apenas 29% de suas equipes executivas sentem que possuem a expertise interna para adotar essa tecnologia.
- Dois em cada três CEOs estão agindo sem uma visão clara de como ajudar sua força de trabalho com a disrupção e as transições inevitáveis que a IA trará. Menos de um em cada três dizem que realizaram uma avaliação do impacto potencial da IA generativa em sua força de trabalho, embora já estejam a utilizando.
- Mais da metade (56%) dos CEOs dizem que estão atrasando pelo menos um grande investimento devido à falta de padrões consistentes, particularmente em áreas emergentes, como sustentabilidade e dados e privacidade.
A falta de clareza sobre a inteligência artificial pode ser a maior causadora de problemas
Esse mesmo relatório diz que funcionários já estão usando ferramentas de IA generativa em seu trabalho, mesmo que isso não seja aprovado pela liderança executiva. Essa informação aliada ao quarto item desses principais insights é bastante intrigante, e leva a muitas reflexões necessárias.
Primeiro: A despeito de uma sensação de medo que paira no ar sobre uma possível perda de seus empregos, já existem profissionais otimizando suas rotinas, e, em alguns casos, como apontado no relatório, contrariando seus líderes. E isso parece contra intuitivo, nos casos em que se aumenta a produtividade e a qualidade. Mas, claro, os resultados positivos só poderão ser validados se os gestores estiverem olhando para isso de uma forma crítica e abertos às possíveis mudanças.
Segundo: Ao que parece pelo item 4, muitos líderes não estão sabendo como lidar com esse novo momento. Sem saber ou sem se dispor a saber os reais impactos da IA, os benefícios ficarão restritos a um uso superficial, muitas vezes “por baixo dos panos” pelos funcionários e, pior, os riscos são iminentes: para empregados, empregadores e para o negócio.
E aí as perguntas surgem…
- Como fazer do uso da IA algo benéfico para o negócio?
- Como qualificar adequadamente esses profissionais para que de fato não percam seus cargos?
- No caso de cargos extintos, como reposicionar os profissionais?
- As empresas estão colocando esses investimentos para implementação adequada da IA na conta de aportes necessários da companhia?
- Por que alguns CEOs ainda não se aproximaram dessa tecnologia?
- É por não entenderem a dimensão do impacto dela ou porque estão resistindo a elas?
- Ou ainda: porque não estão conseguindo acompanhar a velocidade de tantas mudanças?
- E se for este o caso, com quem eles poderão contar para também se qualificarem?
- Até que ponto é saudável não mensurar os impactos dessas mudanças, para que uma empresa mantenha suas atividades de forma saudável e os profissionais seguros?
- Como aprender sobre esse novo momento e continuar desenvolvendo profissionais e empresas?
Para tentar pensar uma implementação responsável, podemos recorrer a uma publicação recente da McKinsey que trouxe muitos pontos de atenção para que as empresas se preparem para usar a inteligência artificial da melhor forma. Para acessar o artigo, clique aqui.
Muitas perguntas, e ainda insuficientes. A lista é enorme e parece não parar de crescer. O que, para alguns, pode parecer coisa do futuro, já está acontecendo no presente. E para que o futuro possa ser bom, não se pode adiar os questionamentos, os consensos, as ações… a palavra de ordem é responsabilidade.
Fonte: IBM