Um novo jeito de fazer música? Graças à Meta, tem um novo ritmo na cena, e agora criado por Inteligência Artificial.
Conheça o AudioCraft, a inteligência artificial generativa de código aberto recém-lançada pela Meta, que permite criar músicas puramente a partir da IA. Com isso, a Meta está desmistificando a ideia de que a criatividade na composição de uma melodia está confinada aos artistas humanos.
AudioCraft não é apenas uma IA — é uma banda de três. MusicGen, o jogador principal, é um gênio criativo que usa entradas de texto para criar música. Imagine alimentá-lo com “chuva caindo em um telhado de lata” e receber uma melodia relaxante em troca. Treinado com impressionantes 20.000 horas de música, MusicGen conhece bem todas essas notas.
A seguir, temos o AudioGen, nosso mágico do som. Com prompts escritos, ele pode imitar tudo, desde o latido de um cachorro até passos esmagando cascalho. Os efeitos sonoros públicos eram seu playground, e ele aprendeu a criar áudio o mais próximo possível da realidade.
Mas e aqueles estalos ocasionais que estragam a sua experiência de áudio perfeita? Bem, a versão aprimorada do decodificador EnCodec da Meta cuida disso, ajudando-nos a criar sons nítidos e claros com menos artefatos.
Uma espiada nas amostras produzidas pelo AudioCraft foram surpreendentes. O assovio, as sirenes e o zumbido pareciam surpreendentemente naturais. Mas, verdade seja dita, as cordas de guitarra ainda tinham um toque sintético.
Claro, a Meta não é a única na área musical com inteligência artificial. Lembra do MusicLM do Google? Ele também compôs melodias a partir de prompts de texto. Mas, infelizmente, está trancado atrás das portas misteriosas dos laboratórios de pesquisa.
Uma coisa curiosa é que grandes nomes como Grimes estão agora incentivando as pessoas a misturar suas vozes com batidas de inteligência artificial, mesmo depois de faixas que viralizaram geradas por IA com vozes semelhantes a de Drake e The Weeknd terem sido retiradas do ar.
Por falar em IA na música, essa tecnologia parece já estar sendo usada até para prever os próximos hits! Já ouvir falar disso? Clica aqui pra ver que doideira!
A Inteligência Artificial traz a nova era da música eletrônica?
Ao longo dos anos, o áudio eletrônico causou um furacão, dando origem à era do EDM e festivais como o Ultra. Sempre houve uma tensão na cena em relação às faixas produzidas integralmente por computador.
Essa questão não é nada nova e sempre colocou sob os holofotes discussões sobre o lugar dos músicos, dos cantores, dos estúdios e dos produtores musicais, em um momento que quebrou paradigmas: passou a ser possível fazer uma faixa toda do seu quarto. Aliás, muitas músicas, de um jeito mais barato e mais fácil. Um momento que abriu caminho para muitos produtores musicais e mexeu muito com o cenário da produção musical.
Há quem diga que na música eletrônica há aquela sensação persistente de manipulação de som gerado por computador, embora isso seja bastante controverso, uma vez que os plugins dos softwares de áudio estão evoluindo cada vez mais e ficando incríveis na reprodução de sons de instrumentos reais, gravados em um estúdio real, com um músico real. A riqueza de detalhes tem ficado cada vez mais surpreendente.
A questão é que se você não for alguém com um conhecimento musical, a música poderia mesmo soar com aquele toque sintético, manipulada a partir de um áudio existente. De fato, para soar bem, é preciso saber como construir uma música e operar bem um software de áudio, o que é algo complexo. Agora, com o AudioCraft permitindo criar sons puramente a partir de textos e uma vasta biblioteca de dados sonoros, ele está nos levando a territórios ainda desconhecidos.
Por enquanto, o AudioCraft pode não estar pronto para produzir grandes sucessos. Parece mais adequado para criar um clima — pense em músicas de elevador ou música de fundo. Mas a Meta está pensando grande. Eles veem o AudioCraft como o próximo sintetizador, capaz de mudar a maneira como percebemos a música.
Dito isso, criar modelos de inteligência artificial que possam gerar música não é algo simples. Os dados de áudio têm milhões de pontos de dados, tornando-o muito mais difícil de serem lidos pela IA do que modelos de texto, mas a Meta não está deixando esses obstáculos diminuírem seu ritmo.
Eles estão cientes de que seus conjuntos de dados de treinamento carecem de diversidade, particularmente no domínio da música. Ao tornar o AudioCraft de código aberto, eles estão estendendo um convite aos pesquisadores de todo o mundo para limitar ou eliminar possíveis vieses e uso indevido de modelos generativos, além, claro, de diversificar as faixas que a inteligência artificial cria.
Questões de direitos autorais são uma ameaça iminente para a arte como um todo. Com a inteligência artificial sendo treinada com material existente, artistas e gravadoras estão levantando bandeiras. Já vimos as batalhas legais da indústria da música se desdobrarem antes, isso não é uma novidade, e move processos de bilhões de dólares.
Não se sabe ainda as implicações do AudioCraft, mas o fato é que misturar arte com a inteligência artificial sempre acende um alerta. E não em vão. É preciso estar atento para não perdermos de vista o lugar dos artistas e os movimentos no mercado.
Fonte: The Verge