Falar de reskilling (ou requalificação) é fundamental na era da Inteligência Artificial. Lá em 2019, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já insinuava que, em apenas algumas décadas, a automação poderia eliminar impressionantes 14% dos empregos globais e transformar outros 32%. E adivinha? Eles nem sequer consideraram os ChatGPTs do mundo!
Não estamos falando apenas de robôs montando carros mais rápido ou de softwares marcando sua próxima consulta ao dentista. Não, esses avanços estão adentrando em territórios intelectuais – áreas como pesquisa, codificação e até mesmo escrita. A verdade é que a habilidade do momento pode já estar ultrapassada amanhã.
A boa notícia é que as empresas estão percebendo esse movimento intenso, e não estão apenas lançando alguns cursos online, mas estão investindo seriamente em reskilling. Mas, vamos ser sinceros, apenas aprimorar habilidades não vai ser suficiente. Uma onda maciça de requalificação total pode estar no horizonte. Pense menos em “adicionar algumas ferramentas à caixa” e mais em “pegar uma caixa de ferramentas completamente nova”.
Sentindo uma mistura de empolgação e angústia existencial? Acho que todo mundo. Clica aqui para ver os 5 insights da IBM mostrando a relação dos CEOs com a inteligência artificial.
Vamos falar sobre isso, analisando como as empresas podem surfar nessa onda, te contando sobre as cinco mudanças revolucionárias divulgadas pela Harvard Business Review. Pegue seu café (ou vinho, sem julgamentos) e vamos falar sobre essa nova era de inteligência artificial. 🤖🎓
E aqui estão os 5 pontos pelos quais vamos passar:
- Não tem outro jeito em tempos de inteligência artificial
- Uma responsabilidade de qualquer gestor e líder
- Reskilling é sobre gestão de mudanças
- Requalificação não é só sobre treinamento
- Requalificação é um esforço coletivo
- Conclusão
1. Não tem outro jeito em tempos de inteligência artificial
Voltando no tempo, as empresas pensavam em requalificação em tempos de turbulência. “Perdendo empregos devido à automação? Vamos requalificar e tudo ficará bem.” Era quase que tapar o sol com a peneira. Também servia para diminuir a culpa corporativa, e, sejamos sinceros, criar uma narrativa positiva para os meios de comunicação. Mas, felizmente, muitas empresas evoluíram esse mindset.
Hoje, reskilling não é só uma manobra estratégica, trata-se de uma imperativo estratégico. As razões são inúmeras, e algumas ficam óbvias: O mercado está mudando rapidamente com o envelhecimento da população ativa, a constante emergência de novas profissões, e a velocidade com que as habilidades se tornam obsoletas. Em alguns campos tecnológicos, o que você aprendeu há dois anos hoje em dia pode não servir para muita coisa! 😱
Gigantes como Infosys e Amazon entenderam o recado. A Infosys requalificou mais de 2.000 especialistas em cibersegurança. A Amazon, por sua vez, investiu em transformar seus colaboradores em experts em aprendizado de máquina. E acredite, esses funcionários começaram sem saber nada sobre o assunto!
O mais incrível é que, agora, algumas empresas estão vendo a requalificação como parte de sua proposta de valor ao empregado. Traduzindo: “Ei, venha trabalhar conosco e nós te daremos as ferramentas para você se manter atualizado e relevante!”. Empresas como Mahindra & Mahindra e Ericsson têm políticas e até plataformas que incentivam a requalificação, mostrando aos funcionários os recursos e oportunidades de trabalho disponíveis.
Algumas organizações estão indo ainda mais longe, usando programas de requalificação para atrair talentos que, em circunstâncias normais, nem seriam considerados para certas posições. O ICICI Bank, por exemplo, tem um programa intensivo que prepara graduados de diferentes áreas para cargos gerenciais. Imagina, um graduado em letras gerenciando operações bancárias após um programa de reskilling!
2. Uma responsabilidade de qualquer gestor e líder
Um relatório recente da BCG revelou um número bastante surpreendente: apenas 24% das empresas conseguiram estabelecer uma ligação real entre a estratégia corporativa e a requalificação.
É fato que o RH tem um papel fundamental, mas a responsabilidade não é apenas deles, e precisa envolver toda a organização: do estagiário ao CEO.
A Ericsson, por exemplo, está transformando especialistas em telecomunicações em mestres de inteligência artificial e ciência de dados, levando apenas 3 anos para requalificar mais de 15.000 funcionários em conhecimentos de IA e automação.
Já a CVS optou por unir treinamento e requalificação com suas estratégias de negócios, e cada líder está guiando a jornada de reskilling de suas equipes, com avaliações de desempenho para mantê-los em movimento.
E para a Amazon, requalificar não é apenas uma reflexão posterior, é algo que exibem orgulhosamente em seu manifesto de liderança.
A responsabilidade nesse novo momento com inteligência artificial é fundamental. Clicando aqui você pode ver 5 pontos para uma implementação responsável dessa tecnologia.
3. Reskilling é sobre gestão de mudanças
As empresas estão dedicadas a entender quais habilidades elas têm disponíveis e quais vão precisar em breve. Organizações como HSBC e SAP estão pegando atalhos inteligentes, adotando taxonomias de habilidades prontas e ajustando-as para suas necessidades.
Visionárias como a Novartis estão usando a inteligência artificial para combinar cargos e projetos com as habilidades e aspirações dos empregados. Então, se você sente que seu diploma não representa todas as suas habilidades, há esperança!
Gerentes também precisam se requalificar, e sabem disso, tanto que Wipro e Amazon estão fazendo da requalificação uma responsabilidade gerencial. É como se estivessem dizendo: “Ei, você quer crescer aqui? Mostre-nos como você está desenvolvendo sua equipe!”
Os diplomas podem ajudar, mas a regra agora é aprender fazendo! Integrar-se em um novo papel e equipe é uma preocupação para empresas como a Amazon, que estão dando uma mãozinha, oferecendo mentoria e coaching para tornar as transições o mais suave.
4. Requalificação não é só sobre treinamento
Talvez você já tenha ouvido sobre companhias lamentando como é super difícil fazer com que seus funcionários embarquem na onda da requalificação. E é compreensível, porque nem sempre é fácil sair da zona de conforto, mas de acordo com o BCG, impressionantes 68% dos trabalhadores querem se requalificar, prevendo possíveis reviravoltas em seus setores.
Mas como as empresas podem tornar esse processo de reskilling mais atraente para os funcionários? Aqui vão 3 dicas rápidas:
- Respeito e transparência: Ninguém quer ficar no escuro. Um simples “Ei, é por isso que estamos fazendo isso, e aqui está como isso beneficia você” pode fazer maravilhas.
- Coloque-se no lugar deles: Requalificação não é uma solução única para todos. A abordagem da Amazon é como uma loja de doces para aprendizes ansiosos – seja você focado em obter um diploma ou apenas um certificado rápido, eles pagam a conta. Já a CVS têm essa vibe de treinar dentro da própria empresa. E a lição é entender qual formato se adequa à realidade de cada empresa.
- Dedicação de tempo e atenção adequados: Imagine ter dias onde sua única tarefa é… aprender! A Vodafone embarcou nisso, dedicando dias inteiros ao crescimento pessoal. E a Bosch concede benefícios aos engenheiros tradicionais cobrindo os custos de mensalidade e até dando folgas antes dos exames. Legal, né?
E esse reskilling não se restringe a quem está nos escritórios, a gigante da energia renovável, Iberdrola, garantiu que seus funcionários que são horistas também fossem pagos, mesmo quando estavam fora para treinamento.
Portanto, fica claro que trata-se de criar um ambiente onde todos vejam o valor, se sintam respeitados e possam acessar os recursos de que precisam.
Claro que a adaptação a esse novo momento também demanda esforço dos profissionais. Caso você seja um profissional de olho em como estar preparado para esse novo cenário, clica aqui para ver 5 diferenciais para que você possa se destacar no mercado de trabalho.
5. Requalificação é um esforço coletivo
Pensar em reskilling é pensar em todo o ecossistema: pense nisso como o projeto definitivo em grupo, que une não só a estrutura interna da empresa, mas todos, instituições privadas e públicas também.
Em vez de as empresas acumularem todo o conhecimento e tentarem fazer o trabalho pesado sozinhas, imagine um mundo onde todos – de governos à academia – dão uma força. Os governos podem lançar incentivos, enquanto os gênios da faculdade e os gigantes da indústria unem forças para gerar receita e desenvolver habilidades.
Em vez da velha mentalidade puramente competitiva, a colaboração entra em cena para muitas organizações que se associam para inventar novas maneiras de treinar as pessoas, até mesmo compartilhando recursos. Um exemplo disso é o Programa de Imersão em Tecnologia Financeira em Singapura.
Há também uma mina de ouro de talentos diversos por aí, especialmente dentro de grupos que muitas vezes são deixados de lado. As empresas estão percebendo isso e se unindo a ONGs para diminuir essa lacuna. Podemos citar o Year Up, nos EUA, que tem sido revolucionário, conectando jovens brilhantes e ambiciosos a empresas prontas para explorar esses talentos.
Além disso, as empresas não estão apenas parando nos treinamentos internos ou cursos online, estão se associando a faculdades locais e centros de treinamento para oferecer conhecimento prático, como é o cado dos Institutos de Tecnologia do Reino Unido e a iniciativa de veículos elétricos da BMW na Alemanha.
Em tempos de inteligência artificial, reskilling não é mais uma questão de “se” mas de “como”
Muitas companhias já possuem o entendimento intuitivo sobre a necessidade de abraçar as mudanças de paradigma do reskilling aqui. Mas por mais veloz que as coisas estejam acontecendo, o segredo não é ir atropelando tudo, é planejar como abraçar as mudanças de forma eficaz e sustentável, é sobre estratégia. Claro que sem perder tempo!
As organizações enfrentam desafios cruciais: a ausência de rigor na avaliação de programas de requalificação e a carência de informações sobre como expandir e escalar características bem-sucedidas desses programas.
Para que a revolução do reskilling realmente deslanche em tempos de inteligência artificial, as empresas não podem simplesmente “jogar os dados e esperar”, é preciso adotar uma abordagem sistemática, rigorosa e experimental para aprender com os investimentos feitos hoje e como aprimorá-los.
A formação e a capacitação são fundamentais para que os profissionais estejam preparados e equipados para o futuro com tecnologias tão avançadas como a inteligência artificial que prometem ainda mais mudanças no mercado.
A requalificação já não é uma opção, é uma realidade que se impõe a profissionais e empresas, e cabe às instituições subsidiarem o desenvolvimento de seus funcionários e de seu próprio negócio por meio de um preparo adequado diante dessa nova realidade.
Fonte: Harvard Bussiness Review