A descoberta de um novo fóssil está agitando o mundo da paleontologia. Uma equipe liderada pelo colecionador de fósseis Steve Etches, em colaboração com Chris Moore, fez um achado extraordinário nas falésias de Dorset, no Reino Unido. Eles desenterraram o que é considerado o crânio de pliossauro jurássico mais completo já encontrado. Este fóssil é um marco na história da paleontologia e pode ser de uma espécie até então desconhecida.
Os pliossauros, que reinaram nos oceanos durante o período Mesozóico, entre aproximadamente 250 e 66 milhões de anos atrás, são uma fascinante reminiscência de uma era dominada por gigantes marinhos, de destacando pela sua estrutura corpórea massiva e cabeças desproporcionalmente grandes, – uma característica que os diferenciava notavelmente de seus contemporâneos de pescoços longos. Adaptados de forma excepcional à vida aquática, eles tinham membros transformados em nadadeiras poderosas, que lhes conferiam uma grande mobilidade nas águas do passado.
O fóssil do crânio do pliossauro, incrustado no alto de um penhasco, apresentou desafios únicos para a equipe. Etches, que coleciona fósseis há mais de 40 anos, e Moore passaram semanas suspensos na face do penhasco, meticulosamente cavando ao redor do fóssil antes de içá-lo com segurança. Esse esforço enorme ressalta a importância desse achado singular.
Steve Etches, falando sobre a descoberta, destacou seu entusiasmo e o impulso científico por trás de seu trabalho. “Isso é realmente o augedas coisas com as quais estive envolvido,” disse ele à New Scientist. O que mais o atrai é a ciência, o desejo de entender e aprender mais com esses vestígios do passado. Essa atitude reflete um aspecto essencial da pesquisa científica: a busca incessante por conhecimento.
Judyth Sassoon, uma especialista líder em pliossauros da Universidade de Bristol, no Reino Unido, sugeriu que o crânio pode pertencer a uma espécie ainda não conhecida de pliossauro. Esse possível novo membro da família dos pliossauros não apenas acrescenta novidades à biodiversidade conhecida do período Jurássico, mas também estimula novas linhas de pesquisa e questionamentos.
Um aspecto particularmente intrigante do fóssil é sua grande crista sagital, uma elevação óssea na parte traseira do crânio. Sassoon propõe que a altura da crista pode ser um indicativo de diferenças entre os sexos na espécie, um fenômeno conhecido como dimorfismo sexual. Esse detalhe pode revelar muito sobre o comportamento e a estrutura social desses animais antigos.
Além disso, a crista pode não estar completamente formada, o que sugere que o animal ainda era jovem. Com seu crânio já enorme de 1,7 metros de comprimento e potencial para crescimento, isso adiciona evidências à ideia de que os pliossauros eram muito maiores do que se pensava anteriormente. “Temos dados fragmentários do Kimmeridgiano [Era no final do Período Jurássico] – vértebras ou ossos de nadadeiras e assim por diante – que sugerem que havia pliossauros maiores por aí. Apenas não encontramos os crânios ainda,” explica Sassoon.
As tomografias computadorizadas das fossas sensoriais encontradas no focinho do réptil revelam que estavam conectadas a vasos sanguíneos e nervos sensoriais capazes de detectar mudanças na pressão, o que poderia ter ajudado os pliossauros a caçar presas. O espécime possui um conjunto completo de dentes fossilizados em uma mandíbula interligada, proporcionando uma compreensão sem precedentes sobre as habilidades de caça e alimentação dos pliossauros.
Divulgação do fóssil
Este crânio de pliossauro será exposto ao público no próximo ano na Etches Collection em Dorset, Reino Unido. Além disso, será o foco de um novo documentário da BBC com David Attenborough, intitulado “Attenborough e o Monstro Marinho Gigante”, que irá ao ar na BBC One e no BBC iPlayer em 1º de janeiro de 2024.
A recente descoberta do fóssil do crânio de pliossauro, quase completo e com características distintas, em Dorset, reforça a ideia de que ainda temos muito a descobrir sobre estas criaturas enigmáticas que um dia governaram os mares antigos, abrindo novas oportunidades de entendimento da vida marinha daquele período, proporcionando uma visão mais ampla e profunda da história natural do nosso planeta.
Fonte: NewScientist