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Estudo aponta região do cérebro responsável pelo nosso comportamento de ajudar os outros

Sabemos que o cérebro e o comportamento humano são indissociáveis, mas há muitos mistérios a serem compreendidos nessa relação, especialmente quando se trata de identificar qual região se liga a cada comportamento nosso.

Uma nova pesquisa lança luz sobre um tipo de conduta humana ligada a uma parte específica do cérebro.

Você já ouviu falar em comportamentos pró-sociais? São aquelas ações voluntárias realizadas para beneficiar outras pessoas, com ou sem recompensa por essas ações. Recentemente, um estudo inovador revelou uma área específica do cérebro que é crucial para esses nossos comportamentos pró sociais: o córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC, do inglês ventromedial prefrontal cortex). Essa descoberta, publicada na revista Nature Human Behaviour, foi realizada por pesquisadores das Universidades de Birmingham e Oxford, e representa um avanço significativo na compreensão de como tomamos decisões altruístas.

A pesquisa envolveu a análise de pacientes com danos no vmPFC, outros com lesões em diferentes áreas do cérebro, e um grupo de controle de indivíduos saudáveis. Comparando esses grupos, os cientistas descobriram que danos ao vmPFC diminuem significativamente a disposição das pessoas em ajudar os outros e a quantidade de esforço físico que elas estão dispostas a exercer para isso.

Para entender melhor a função do vmPFC, os pesquisadores projetaram um experimento onde cada escolha feita pelos participantes variava em relação à quantidade de dinheiro que poderiam ganhar para si ou para outra pessoa, e à força física que teriam que exercer para obter essa recompensa, permitindo que os pesquisadores medissem separadamente o impacto da recompensa e do esforço, utilizando modelos matemáticos avançados para quantificar com precisão a motivação das pessoas.

Os resultados apontaram claramente que o vmPFC é essencial para a motivação de ajudar os outros, mostrando que pacientes com danos nessa região eram menos propensos a optar por ajudar, exerciam menos força mesmo quando decidiam ajudar, e ganhavam menos dinheiro para ajudar os outros em comparação aos grupos de controle.

Além disso, a equipe usou uma técnica chamada mapeamento de sintomas de lesão para identificar sub-regiões específicas do vmPFC onde danos tornavam as pessoas particularmente antissociais e menos dispostas a se esforçar pelos outros. Curiosamente, danos em uma sub-região do cérebro próxima do córtex ventromedial, mas diferente, tornavam as pessoas relativamente mais dispostas a ajudar, destacando com isso a complexidade do vmPFC e sua influência diferenciada sobre o comportamento pró-social.

A complexa relação das áreas do cérebro com o comportamento

Compreender o papel do vmPFC pode ter implicações significativas para o tratamento de distúrbios de interação social, como a psicopatia. O coautor principal, Dr. Jo Cutler, enfatizou que o estudo não só aprofunda a compreensão da motivação pró social, mas também pode ajudar a desenvolver novos tratamentos para condições clínicas, onde entender os mecanismos neurais subjacentes pode oferecer novas perspectivas sobre como tratar esses distúrbios.

O vmPFC é uma região do cérebro particularmente interessante porque passa por um desenvolvimento tardio na adolescência e continua a mudar à medida que envelhecemos. A autora principal do estudo, Professora Patricia Lockwood, destacou a possibilidade de que essa área do cérebro também possa ser influenciada pela educação e coloca a hipótese se poderíamos aprender a ser melhores em ajudar os outros através de intervenções educativas direcionadas.

Compreender onde no cérebro as decisões de ajuda são feitas é vital para entender como as pessoas podem ser motivadas a enfrentar grandes desafios globais, como mudanças climáticas, doenças infecciosas e conflitos internacionais. A motivação para ajudar não é apenas uma questão individual, mas tem profundas implicações sociais e globais.

Você pode ver um exemplo disso clicando aqui, para ver as abordagens mais e eficazes para mudança de comportamento diante de situações de crise.

O estudo de Birmingham e Oxford abre novas possibilidades para pesquisas futuras a partir de um melhor entendimento da função do vmPFC e sobre como podemos usar esse conhecimento para promover comportamentos pró sociais em diferentes contextos.

Este estudo é um passo importante na neurociência do comportamento social. A identificação do vmPFC como uma área crítica para a motivação pró social amplia nossa compreensão do cérebro humano, oferecendo novas perspectivas sobre como podemos abordar e tratar distúrbios sociais e comportamentais, oferecendo possibilidades para desenvolver intervenções mais eficazes e políticas sociais que incentivem comportamentos positivos e colaborativos, a partir de uma compreensão do cérebro e de como o aspecto biológico pode ser fundamental para entender a complexa trama do comportamento humano.

Fonte: Neuroscience News

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