Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Cachorros sabem como nos sentimos? Estudo que conta com pesquisadora brasileira traz primeiras hipóteses sobre o assunto

Desde que foram domesticados, os cachorros têm desempenhado papéis cruciais em nossas vidas, não apenas como guardiões e caçadores, mas também como companheiros leais. Será que os doguinhos sabem como nos sentimos, sabem ler nossas emoções? Parece haver um aspecto fascinante nessa relação: a capacidade que os cachorros têm de perceber e refletir nossas emoções, uma habilidade que pode ser fruto de séculos de coevolução e seleção seletiva

Estudos recentes sugerem que essa capacidade de “contágio emocional” pode estar profundamente enraizada nos cães, uma hipótese que foi explorada através de comparações com outros animais de estimação, como os porcos.

A ideia de que os cachorros podem sentir nossa dor não é nova para muitos donos de cães. Mas, até recentemente, essa habilidade era amplamente anedótica e pouco explorada cientificamente. Um estudo publicado na revista Animal Behaviour trouxe novos insights ao comparar as respostas de cães e porcos de estimação aos sons de humanos chorando e resmungando. Este estudo, conduzido por pesquisadores de várias universidades, incluindo a Universidade Eötvös Loránd em Budapeste e a Universidade de São Paulo, utilizou a ciência comunitária, recrutando donos de cães e porcos ao redor do mundo.

Falando em doguinhos… você já ouviu falar dos button dogs que viralizaram há um tempo nas redes sociais? Clica aqui e leia sobre a perspectiva dos cientistas para essa manifestação dos cães que parecem entender o que dizemos!

Investigando os cachorros

Os donos foram instruídos a filmar seus animais de estimação enquanto reproduziam gravações de pessoas chorando e resmungando. Os pesquisadores então analisaram esses vídeos, procurando comportamentos indicativos de estresse, como choramingos e bocejos nos cachorros, e movimentos rápidos de orelhas nos porcos. Os resultados mostraram que os cães são particularmente bons em captar o conteúdo emocional de nossas vocalizações, mostrando sinais claros de estresse quando ouviam choro humano, mas eram amplamente indiferentes ao som de resmungos.

Os porcos, por outro lado, apresentaram um padrão diferente de comportamento. Embora também mostrassem algum estresse ao ouvir choro, suas reações aos resmungos eram significativamente mais intensas. Isso sugere que os porcos, ao contrário dos cachorros, não interpretam o choro humano como um sinal de emoção negativa. Em vez disso, o resmungar parece ser um som estranho e desconcertante para eles, possivelmente porque não estão familiarizados com ele.

Esses resultados indicam que, enquanto os cachorros desenvolveram uma forte capacidade de contágio emocional com os humanos, os porcos, apesar de serem animais sociais e inteligentes, não desenvolveram a mesma habilidade na mesma extensão. Segundo Natalia Albuquerque, etóloga cognitiva da Universidade de São Paulo, isso pode ser devido ao histórico de domesticação dos porcos, que foram criados principalmente como animais de criação, ao contrário dos cães, que foram selecionados para viver em estreita proximidade com os humanos.

A coautora do estudo, Paula Pérez Fraga, pesquisadora de comportamento animal na Universidade Eötvös Loránd em Budapeste, ressalta que os cachorros são “muito, muito bons em captar o conteúdo emocional de nossas vocalizações“, o que pode ser resultado de milhares de anos de coevolução, onde os cães que melhor conseguiam ler e responder às emoções humanas tinham maior probabilidade de serem cuidados e reproduzidos. Este processo seletivo pode ter afinado suas habilidades para refletir nossas emoções de maneiras que outras espécies domesticadas, como os porcos, não desenvolveram.

Embora o estudo traga evidências interessantes sobre a capacidade dos cães de espelhar nossas emoções, ele também abre portas para muitas outras perguntas. Albuquerque alerta que mais pesquisas são necessárias para compreender completamente as capacidades emocionais dos porcos e de outros animais de estimação. “Os porcos são muito sensíveis“, diz ela, e manifesta surpresa diante dos resultados: “Eu esperava encontrar que os porcos também mostrariam contágio emocional“.

A história realmente destaca a habilidade excepcional dos cachorros em entender e refletir nossas emoções, uma capacidade que parece ser única entre os animais domésticos. Isso não significa que os porcos ou outros animais sejam incapazes de contágio emocional, mas sim que os cães são particularmente proficientes nisso, provavelmente devido à sua longa história de convivência e cooperação com os humanos. Este estudo pode ser a porta de entrada para entender cientificamente as nossas percepções de que temos uma ligação com os cachorros. Talvez os doguinhos estejam muito mais ligados a nós do que pensamos, né?!

Mas ainda é cedo para tirar mais conclusões. Estamos diante de um convite à pesquisa e reflexão sobre como a domesticação e a seleção seletiva moldaram as habilidades emocionais dos animais que vivem conosco.  Os próximos passos na pesquisa podem nos ajudar a desvendar ainda mais essas fascinantes interações emocionais entre nós e nossos bichinhos… e é incrível pensar como podemos estar conectados a eles!

Fonte: Nature

Futuro Relativo

Futuro Relativo

Um espaço de divulgação, de diálogo, de pensar e porque não dizer, de construir o futuro 🪐
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors