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Células do cérebro ligadas à proteção contra declínio cognitivo mesmo diante de sinais de Alzheimer

As doenças do nosso cérebro são complexas, e o Alzheimer é uma dessas neurodegenerativas para qual a ciência tem uma nova perspectiva sobre sua relação com a demência. Uma descoberta apontou que algumas pessoas têm certos neurônios que as protegem do declínio cognitivo, mesmo com sinais de Alzheimer no cérebro. 

Recentemente, dois tipos de células cerebrais foram associados pelos cientistas a um risco reduzido de demência em idosos. Essas células foram encontradas em pessoas que, embora mostrassem anormalidades cerebrais típicas da doença de Alzheimer, não mostravam sinais de demência. Essa descoberta inovadora foi publicada no conceituado jornal “Cell” no dia 28 de setembro.

Por muito tempo, a teoria predominante sobre o Alzheimer sugere que a doença é causada pelo acúmulo de proteínas amiloides no cérebro, formando placas que danificam os neurônios e causam deterioração da memória e da capacidade cognitiva. Mas a complexidade do nosso cérebro aponta que a coisa não é tão simples, e que nem todos que apresentam esse acúmulo desenvolvem Alzheimer e, inversamente, nem todos com sintomas de declínio cognitivo possuem essas placas.

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Compreendendo o cérebro: Demência vs. Alzheimer

Mas então o que está acontecendo aqui? Uma equipe de peso, incluindo o neurobiologista Hansruedi Mathys, da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, e o neurocientista Li-Huei Tsai, e o cientista da computação Manolis Kellis, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge e outros pesquisadores, decidiram desvendar esse mistério do cérebro, utilizando dados de um estudo extenso que monitora habilidades cognitivas e motoras de milhares de idosos.

Analisando amostras de tecido cerebral de 427 pessoas após sua morte, eles se depararam com uma variedade de quadros: desde demência avançada até nenhum sinal de deterioração cognitiva.

Focando no córtex pré-frontal, uma região do cérebro associada às funções cognitivas avançadas, a equipe de pesquisa fez uma sequência dos genes ativos em cada célula, o que possibilitou a criação de um mapa cerebral, identificando onde os diferentes tipos de célula são localizados.

Eles então identificaram dois tipos cruciais de células com marcadores genéticos distintos: Uma delas possuía genes ativos para uma proteína chamada reelin, associada a doenças do cerebrais, como a esquizofrenia, e a outra possuía genes ativos para somatostatina, um hormônio que regula inúmeros processos no corpo.

A relação com a demência foi a partir da observação de que aqueles que apresentavam níveis maiores de declínio cognitivo tinham uma quantidade menor dessas células e, por outro lado, pessoas sem qualquer sinal de deterioração cognitiva tinham uma quantidade abundante dessas células, mesmo quando havia grandes quantidades de amiloide no cérebro, que normalmente é um indicativo de Alzheimer. 

Estas descobertas sugerem que estes tipos de células podem proteger o cérebro contra os sintomas do Alzheimer. Curiosamente, enquanto a maioria das pesquisas sobre o Alzheimer se concentrou em neurônios excitatórios (que ativam outros neurônios), as células identificadas neste estudo eram neurônios inibitórios, responsáveis por interromper a comunicação neuronal.

A importância desses neurônios inibitórios para o cérebro é enfatizada por outro estudo recente, que encontrou uma mutação da reelin em um homem com uma alta quantidade de amiloide no cérebro, mas sem sintomas de Alzheimer. Portanto, esses neurônios podem ter um papel fundamental na proteção contra os sintomas da doença.

O que esperar dessa descoberta sobre a deterioração do cérebro

Lea Grinberg, neurologista da Universidade da Califórnia, em São Francisco, vê um futuro promissor com essas descobertas. Até agora, a maioria dos tratamentos propostos para o Alzheimer focava em combater as placas de amiloide, mas agora essas novas perspectivas sugerem que talvez devêssemos concentrar nossos esforços em proteger essas células cerebrais vulneráveis.

Jerold Chun, neurocientista do Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute em La Jolla, Califórnia, elogiou a técnica de sequenciamento usado pela equipe e o mapa do cérebro que foi criado. Ele acredita que essa pesquisa será valiosa para estudos futuros, especialmente à medida que a tecnologia avança. Chun também aponta que a perda de células inibitórias pode explicar por que os pacientes com Alzheimer são propensos a ter convulsões resultantes de uma atividade neuronal excessiva.

Entender a relação entre Alzheimer e demência pode fazer com que surjam tratamentos e métodos de prevenção mais eficazes para as doenças cerebrais partir de descobertas que podem romper com as perspectivas passadas.

Fonte: Nature

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