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Consciência na IA? Diferença entre realidade e simulação

A inteligência artificial vai ter consciência? Com certeza você já deve ser deparado por aí com essa pergunta sobre os sistemas artificiais terem algo que ainda é um mistério até para os seres humanos. Recentemente, um estudo intrigante levantou essa questão, se concentrando em como diferenciar a consciência verdadeira da mera simulação. 

Utilizando o princípio da energia livre, ele destaca que, embora alguns processos informacionais dos organismos vivos possam ser simulados por computadores, as diferenças na estrutura causal entre cérebros e computadores podem ser fundamentais para a consciência. Esse enfoque visa evitar a criação inadvertida de uma inteligência artificial consciente e mitigar o engano por parte de IA que parecem conscientes, mas não são.

A pesquisa conduzida por Wanja Wiese explora a consciência na IA através do princípio da energia livre. Este princípio, desenvolvido pelo neurocientista britânico Karl Friston, descreve os processos que garantem a existência contínua de sistemas auto-organizáveis, como os organismos vivos, como uma forma de processamento de informações. Wiese sugere que as diferenças na estrutura causal entre cérebros e computadores são cruciais para a consciência.

Os objetivos da pesquisa de Wiese são claros e duplos:

Prevenção:

  • Reduzir o risco de criar, sem querer, uma consciência artificial.
  • Explorar as condições morais associadas à criação de uma consciência artificial, uma vez que estas são, atualmente, incertas.

Mitigação de Enganos:

  • Evitar que sistemas de IA que apenas aparentam ser conscientes enganem as pessoas.
  • Ajudar a distinguir entre consciência verdadeira e simulação, contribuindo para um entendimento mais claro dessa diferença.

Abordagens para IA

Ao considerar a possibilidade de consciência em sistemas artificiais, há duas abordagens distintas:

Abordagem da Probabilidade:

  • Avaliar a probabilidade de que os sistemas de IA atuais sejam conscientes.
  • Identificar o que seria necessário adicionar aos sistemas existentes para aumentar a chance de eles alcançarem a consciência.

Abordagem da Exclusão:

  • Determinar quais tipos de sistemas de IA são improváveis de serem conscientes.
  • Estabelecer critérios para descartar a possibilidade de certos sistemas se tornarem conscientes.
  • Esta é a abordagem seguida por Wiese em sua pesquisa.

É notável que muitas pessoas, ao interagirem frequentemente com chatbots, acabam atribuindo consciência a esses sistemas. No entanto, o consenso entre especialistas é que os sistemas de IA atuais não são conscientes. Essa discrepância entre percepção pública e entendimento científico ressalta a necessidade de clareza sobre o que constitui a consciência.

Em 2023, pesquisadores se juntaram para apontar 14 traços que apontariam para a consicência em sistemas de inteligência artificial. Clica aqui para ler sobre o assunto!

O princípio da energia livre para validar a consciência

Wiese questiona como podemos identificar se existem condições essenciais para um sistema artificial ser consciente, e que essas condições não são atendidas por computadores convencionais. Um aspecto comum a todos os animais conscientes é que estão vivos. Contudo, ser vivo é um requisito tão rigoroso que muitos não o consideram um candidato plausível para uma condição necessária à consciência. Talvez, no entanto, algumas condições necessárias para a vida também sejam necessárias para ser consciente.

O princípio da energia livre indica que os processos que garantem a existência contínua de um sistema auto-organizável, como um organismo vivo, podem ser descritos como um tipo de processamento de informações. Em humanos, esses processos incluem a regulação de parâmetros vitais como a temperatura corporal, o conteúdo de oxigênio no sangue e os níveis de glicose no sangue. O mesmo tipo de processamento de informações poderia ser realizado em um computador. No entanto, o computador não regularia sua temperatura ou níveis de glicose, mas apenas simularia esses processos.

Wiese sugere que o mesmo pode ser verdade para a consciência. Assumindo que esta e contribua para a sobrevivência de um organismo consciente, então, de acordo com o princípio da energia livre, os processos fisiológicos que contribuem para a manutenção do organismo devem reter um traço que a experiência consciente deixa para trás e que pode ser descrito como um processo de processamento de informações. Isso pode ser chamado de “correlato computacional da consciência”.

Esse correlato computacional da consciência também pode ser realizado em um computador. Contudo, é possível que condições adicionais precisem ser cumpridas para que o computador não apenas simule, mas também replique a experiência consciente.

Wiese analisa as diferenças entre a maneira como criaturas conscientes realizam o correlato computacional da consciência e a maneira como um computador o realizaria em uma simulação. Ele argumenta que a maioria dessas diferenças não é relevante para a consciência. Por exemplo, ao contrário de um computador eletrônico, nosso cérebro é muito eficiente em termos de energia, mas é implausível que essa eficiência seja um requisito para a consciência.

Uma diferença importante, entretanto, reside na estrutura causal de computadores e cérebros. Em um computador convencional, os dados devem sempre ser carregados da memória, processados na unidade central de processamento e, finalmente, armazenados novamente na memória. Não existe tal separação no cérebro, o que significa que a conectividade causal de diferentes áreas do cérebro assume uma forma diferente. Wiese argumenta que essa poderia ser uma diferença relevante para a consciência entre cérebros e computadores convencionais.

Wiese destaca que a perspectiva oferecida pelo princípio da energia livre é particularmente interessante porque permite descrever características de seres vivos conscientes de tal forma que elas possam ser realizadas em sistemas artificiais, mas que não estão presentes em grandes classes de sistemas artificiais, como simulações de computador. Isso significa que os pré-requisitos para a consciência em sistemas artificiais podem ser capturados de maneira mais detalhada e precisa.

Em suma, a pesquisa de Wanja Wiese fornece uma abordagem inovadora para distinguir entre consciência real e simulação em IA, focando nas diferenças na estrutura causal e no princípio da energia livre, surge uma nova perspectiva sobre como podemos evitar a criação inadvertida de consciência artificial e mitigar enganos causados por IA aparentemente conscientes, o que aponta para questões éticas importantes dos nossos tempos.

Fonte: Neuroscience News

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