Deepfake é sempre um assunto polêmico. Mas e quando as celebridades abraçam esse uso da Inteligência Artificial? Pois é, isso já está acontecendo!
Para ilustrar, mas sem dar spoiler, parece coisa daquele episódio de Black Mirror, em que a atriz Salma Hayek, interpretando uma versão ficcional de si mesma, cede sua imagem a uma produtora.
Mas… voltando à realidade, o impacto do uso da inteligência artificial tem causado tanta preocupação que recentemente provocou a primeira greve de atores de Hollywood em mais de quatro décadas. Isso parou a indústria do cinema e da televisão nos EUA.
Mas alguns artistas não vêem essa tecnologia com maus olhos. As estrelas do futebol Lionel Messi e David Beckham, bem como a lenda de Hollywood Bruce Willis, também experimentaram o deepfake.
No caso do Messi, ele permitiu que a PepsiCo usasse sua versão deepfake para anunciar os chips da Lay’s: os usuários não apenas podem criar mensagens de vídeo personalizadas, como também mudar o idioma!
Outro caso que entrou no hype há uns dias, foi o da Jennifer Lopez, que cedeu sua imagem à Virgin Voyages para que os clientes criassem convites personalizados com a imagem da cantora! Você pode ver o vídeo clicando aqui!
Além do óbvio efeito do ponto de vista comercial, aumentando a produtividade e reduzindo custos, isso abre uma janela gigante para a indústria da publicidade. Segundo Dr. Kirk Plangger, um especialista em marketing do King’s College London, “Eles [os deepfakes] abrem a porta para todos os tipos de opções criativas. Eles são capazes de micro-direcionar os consumidores e são frequentemente extremamente persuasivos“.
Alguns donos de agências podem ver o deepfake como uma oportunidade de oferecer peças mais baratas a seus clientes. Sem os custos de produções gigantescas, as possibilidades de uma entrega de maior qualidade, mais rápida e com um rosto conhecido aumentam significativamente.
Inteligência artificial, deepfake e seus tão falados problemas
Para o Dr. Plangger também tem o “lado sombrio” dessa tecnologia. Há uma crise de confiança iminente, onde os consumidores não conseguem distinguir o que é real do que é falso. Isso é algo que já está sendo explorado online e pode variar de pornografia manipulada sinteticamente a desinformação e mensagens políticas extremamente enviesadas, e como não é algo que mostra sinais de retrocesso, a indústria precisa se atentar para os riscos.
Por ser algo muito novo, atualmente, não existem leis suficientemente claras relacionadas à inteligência artificial para garantir que a imagem de alguém esteja devidamente protegida. O que acontece se uma marca usar um avatar digital para endossar um produto que possa danificar a imagem da celebridade? Ou se essa imagem falsa fizer uma piada de mau gosto?
Estamos em um território desconhecido quando se trata de inteligência artificial e tecnologia deepfake, e as leis existentes ainda não fornecem um quadro regulatório robusto o suficiente para proteger contra todos os problemas, o que é justificável, visto o momento inicial da aplicação dessa tecnologia.
Ao que parece, os desafios vão aparecer conforme essa tecnologia for sendo usada. As possibilidades que elas trazem, do ponto de vista econômico, são muito relevantes, e por isso uma desaceleração desse cenário tende a ser muito improvável. Os riscos associados talvez não se sobreponham às vantagens percebidas pelo mercado.
Em função disso, é importante estarmos atentos à essa curva de aprendizado sobre como implementar de forma responsável essa tecnologia, equilibrando conveniência e inovação com ética e confiança entre os players. Transparência e responsabilidade são mandatórios nesse momento com a inteligência artificial, em que o público geral está tendo mais contato com essa tecnologia.
Fonte: BBC