A DeepMind está fazendo verdadeiras revoluções com a Inteligência Artificial, – uma tecnologia que está tomando seu espaço na área da saúde e da medicina. No centro deste avanço, a subsidiária da gigante Google, está utilizando sua expertise em IA para explorar as complexidades do genoma humano.
Só para garantir que estamos todos na mesma página, vale lembrar que a DeepMind é aquela empresa sediada em Londres que o Google adquiriu há uma década. Ela ficou famosa pelos programas de inteligência artificial que jogavam Go e outros jogos. Mais recentemente, fez ondas na comunidade científica com o AlphaFold, um programa projetado para prever estruturas de proteínas – um desafio monumental na biologia.
Agora, eles adaptaram o AlphaFold para identificar erros no DNA, os chamados “misspellings“, identificando quais poderiam ser ignorados com segurança e quais poderiam levar a doenças. Chamado de AlphaMissense, este software foi destaque em uma publicação na revista Science.
Sistemas computacionais já são usados por médicos para mapear possíveis causas genéticas de doenças misteriosas, e a DeepMind quer se posicionar como um recurso poderoso para dar mais clareza e rapidez para essas descobertas das genéticas dos problemas médicos, e também colaborar para o desenvolvimento de tratamentos, a partir do entendimento do mapeamento genético.
Falando nisso, o primeiro medicamento criado por inteligência artificial já começou a ser testado em humanos. Clica aqui pra ficar por dentro!
Riscos e oportunidades da nova IA da DeepMind
Depois de três anos do projeto, a DeepMind está liberando para o público 71 de milhões de variações possíveis, o que pode ser considerado uma mina de ouro para pesquisadores e profissionais da saúde. Tratam-se de predições onde uma única letra do DNA alterada, altera a proteína que um gene produz.
Porém a empresa decidiu não disponibilizar o modelo inteiro para download direto, visando garantir que não seja usado de maneira irresponsável ou mal-intencionada.
Essas preocupações com a biossegurança são muito pertinentes. Embora nada tenha sido mencionado sobre quais são as ameaças, podemos imaginar algumas coisas. Pense, por exemplo, que se essa tecnologia fosse usada em outras espécies, além dos humanos, poderia haver riscos substanciais, como a criação de bactérias perigosas ou armas biológicas.
Voltando ao objetivo central deste projeto, vale lembrar que não estamos falando apenas de uma nova ferramenta legal para os cientistas brincarem, e sim de algo que tem potencial para transformar o diagnóstico de doenças raras. Com o avanço da sequenciação genética, os médicos podem analisar o genoma dos pacientes em busca de respostas, e é aqui que o AlphaMissense pode se tornar um recurso valioso.
Embora a descoberta de medicamentos pela inteligência artificial já esteja mudando o cenário da medicina, o foco da DeepMind é mais sobre ajudar os médicos a entenderem a que doenças raras se referem sintomas misteriosos dos pacientes.
O potencial é imenso, mas ainda são oss estágios iniciais. Heidi Rehm, diretora do laboratório clínico no Broad Institute, em Cambridge, Massachusetts, lembra de que tais predições computacionais são apenas “uma peça do quebra-cabeça“. A verdadeira prova vem de dados do mundo real, padrões de herança em famílias e testes laboratoriais.
Tecnicamente, o AlphaMissense se baseia no AlphaFold, utilizado para predições de formatos de proteínas. Aparentemente, a novidade da DeepMind utiliza insights do seu predecessor, mas com um foco diferente, e graças a isso, ele demanda menos tempo de computação, sendo mais eficiente em termos energéticos.
Isso, segundo o Dr. Patrick Malone da KdT Ventures, é um exemplo de uma das mais importantes evoluções metodológicas recentes em inteligência artificial, já que muitas vezes os médicos ficam limitados pela escala de dados e, usando um treinamento anterior para fazer um refinamento, a nova inteligência artificial usa menos energia do que se fosse construída sem nenhum predecessor.
É obviamente um passo e tanto de um novo momento para o setor da saúde, e é fundamental o questionamento nos limites do uso e, porque não dizer, do não-uso. Quando um sistema de inteligência artificial é usado só como uma ferramenta, não como um tomador de decisão, pode otimizar muito as rotinas de especialistas.
A inteligência artificial está posicionada para transformar a medicina como a conhecemos, mas, no fim das contas, o ser humano é que vai determinar sobre o uso adequado ou não dessa tecnologia.
Fonte: MIT Technology Review