O universo sempre foi um grande mistério para a humanidade. Desde os tempos mais remotos, olhamos para o céu em busca de respostas, tentando entender nosso lugar no cosmos.
Na busca por respostas as discussões entre os cientistas levantam novas hipóteses que, embora ainda não consolidadas, são uma pulga atrás da orelha!
Na década de 1990, os cosmólogos, cientistas que estudam a origem, composição e estrutura do universo, acharam que estavam prestes a desvendar alguns desses mistérios, mas observações inesperadas e medições inexplicáveis ameaçaram derrubar tudo o que pensávamos saber sobre o início e o destino do universo, abrindo portas para novas perguntas e possibilidades.
Naquela época, duas descobertas em particular chamaram a atenção e geraram preocupação. Primeiro, astrônomos observaram uma vasta área do cosmos, com cerca de um bilhão de anos-luz de extensão, que se movia de maneira inconsistente com a expansão geral do universo. Segundo, o Telescópio Espacial Hubble, uma novidade na época, apontou que o cosmos tinha entre oito e 12 bilhões de anos, uma faixa etária que não conseguia explicar a existência de estrelas conhecidas por terem quase 14 bilhões de anos, o que levava à conclusão absurda de que algumas estrelas existiam antes do próprio universo.
No entanto, a primeira observação nunca foi confirmada, e a questão das estrelas “impossivelmente velhas” foi resolvida alguns anos mais tarde com a descoberta da energia escura, uma força misteriosa e ainda desconhecida que acelerou a expansão do universo, fazendo-o parecer mais jovem do que realmente é.
Novos desafios para entender o universo
Nos dias de hoje, os cosmólogos se deparam com novos problemas que podem transformar radicalmente nossa compreensão do universo. Um deles é a “tensão de Hubble“, uma discrepância entre duas formas independentes de calcular a constante de Hubble, que mostra quão rápido o cosmos está se expandindo. Essa diferença nos resultados não é dramática, mas é suficiente para deixar os teóricos preocupados e questionando se estamos à beira de um novo entendimento do cosmos.
Outro desafio é a “tensão sigma-oito” (S8), que se refere à tendência da matéria de se aglomerar no universo. Os dados mostram uma inconsistência entre como a matéria se agrupava no início do universo e como ela se aglomera hoje. Essa tensão é considerada menos significativa do que a tensão de Hubble, mas ainda assim é digna de atenção.
Ambos os problemas poderiam sinalizar que estamos entendendo algo de forma errada sobre a física do universo. Recentemente, um artigo publicado na revista Physical Review Letters argumentou que, para a tensão S8, pelo menos, a supressão do agrupamento de matéria é grande demais para ser explicada pelo modelo padrão de cosmologia, sugerindo que uma teoria da gravidade diferente da relatividade geral de Einstein poderia estar em jogo.
Esse estudo específico, conduzido por cientistas da Universidade de Michigan, não foi projetado inicialmente para resolver o problema da tensão S8. Eles estavam interessados em verificar se a história da expansão do universo era consistente com a história do crescimento das estruturas cósmicas. Quando encontraram uma inconsistência, reexaminaram sua análise para garantir que não estavam perdendo nada, mas confirmaram que a discrepância persistia. A inconsistência pode ser explicada por uma força adicional além da gravidade e da energia escura, ou pode sugerir que a energia escura se fortaleceu em algum ponto.
Embora o estudo seja intrigante e contribua para uma série de trabalhos que destacam discrepâncias no entendimento padrão do cosmos, ele não é considerado definitivo. Alguns cientistas questionam as conclusões do artigo, apontando para outras medições que são consistentes com a teoria padrão e subestimando outros fatores, como os ventos galácticos.
O autor principal do estudo, Nhat-Minh Nguyen, da Universidade de Michigan, reconhece que são necessárias mais pesquisas e dados de novos experimentos para confirmar ou refutar suas descobertas. No entanto, ele também destaca que a comunidade científica ainda está dividida sobre o papel dos ventos na reconciliação da tensão S8.
Mesmo que a confirmação definitiva venha, a tensão de Hubble permanece, e quase todos concordam que esse problema é muito mais sério. E essas tensões não são os únicos problemas que vêm intrigando os cosmólogos. Descobertas recentes do Telescópio Espacial James Webb de galáxias surpreendentemente grandes que se formaram logo após o Big Bang adicionam mais pontos à lista de questões desafiadoras em cosmologia.
Ainda não existe nada certo, mas essas discussões na ciência, podem estar nos colocando diante de um ponto de partida diferente do que o modelo padrão, o que pode até exigir que mudemos nossa maneira de pensar sobre os componentes elementares do universo e a natureza do espaço e do tempo. Em outras palavras, a busca por mais respostas sobre o universo pode se deparar com perspectivas realmente revolucionárias. O futuro promete!
Fonte: Scientific American