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Detectando marcas da guerra: Drones e IA ajudam a identificar minas terrestres na Ucrânia

As marcas da guerra nem sempre são fáceis de detectar, e a inteligência artificial se coloca como uma nova solução para alguns dos problemas mais antigos e perigosos da humanidade: a presença de minas terrestres, um legado mortal de guerras e conflitos passados e presentes.

A Ucrânia, em particular, enfrenta um desafio colossal em tempos de guerra, com áreas minadas que se estendem por cerca de 67.000 milhas quadradas – quase o tamanho do estado da Flórida. Tradicionalmente, o processo de desminagem é lento, perigoso e exige um esforço humano meticuloso. Mas uma nova abordagem, combinando drones e inteligência artificial, promete transformar esse cenário sombrio.

O papel do sapador na desminagem

Antes de mergulharmos na revolucionária tecnologia dos drones e da inteligência artificial, é importante entender o papel fundamental do sapador no processo de desminagem. 

O termo “sapador”, derivado do francês “sapeur”, refere-se aos especialistas militares ou civis treinados para realizar a difícil e perigosa tarefa de identificar e neutralizar minas terrestres e outros tipos de explosivos não detonados. Esses profissionais são essenciais em zonas de conflito e áreas pós-guerra, onde riscos ocultos sob a terra representam uma ameaça constante para a segurança e o desenvolvimento.

Munidos de equipamentos como detectores de metais, proteção pessoal e, em alguns casos, a assistência de cães treinados, os sapadores realizam um trabalho meticuloso e arriscado, avançando lentamente por terrenos perigosos para assegurar a remoção segura de explosivos, o que exige não apenas habilidade técnica, mas também uma coragem extraordinária e um compromisso com a segurança de outros, características que os sapadores demonstram em cada missão de desminagem.

O processo tradicional de desminagem

Por décadas, a remoção de minas terrestres tem sido uma tarefa árdua. Sapadores humanos, equipados com detectores de metais, varrem o solo palmo a palmo, atentos ao menor sinal de uma anomalia magnética. Em alguns casos, cães treinados são utilizados, mas o método predominante desde o fim da Segunda Guerra Mundial tem sido o detector de metais, que, embora seja eficaz, é extremamente lento e coloca em risco a vida dos sapadores.

A inteligência artificial contra as minas terrestres

Jasper Baur, um estudante de doutorado em vulcanologia e sensoriamento remoto na Universidade de Columbia, junto com a Safe Pro Group, uma fabricante de equipamentos de proteção pessoal, está na vanguarda de uma revolução na desminagem. Eles desenvolveram uma tecnologia baseada em drones e aprendizado de máquina, visando tornar a desminagem mais segura e eficiente do que os métodos tradicionais.

A ideia central é relativamente simples, mas sua execução é um feito de engenharia e ciência de dados: Um drone sobrevoa uma área suspeita de estar minada, capturando uma grande quantidade de imagens, então o algoritmo de Baur, treinado para identificar as características visuais de 70 tipos de minas terrestres, munições de cluster e outras ordnâncias não explodidas, processa essas imagens e as converte em um mapa detalhado, o que permite reconhecer e mapear explosivos com mais rapidez e precisão do que um humano analisando as mesmas imagens.

Com uma taxa de detecção reportada de cerca de 90%, os drones são destinados a complementar, não substituir, os métodos tradicionais. Eles são menos abrangentes, pois não examinam cada centímetro do solo, mas sua capacidade de revelar perigos potenciais e cobrir mais terreno do que os esforços manuais é inegável.

Baur e sua equipe visitaram a Ucrânia várias vezes desde o início da guerra para testar a tecnologia, com a esperança de que essa abordagem acelere o processo de desminagem, que, com os recursos atuais, poderia levar mais de 750 anos, mas com o novo sistema, áreas extensas de terra podem ser rapidamente examinadas para identificar onde a contaminação é mais densa, antes de enviar humanos para desativar as minas.

Limitações e o futuro contra as marcas da guerra

Por ora, a inteligência artificial consegue detectar apenas explosivos na superfície, não sendo eficaz para minas profundamente enterradas ou cobertas por vegetação. A organização sem fins lucrativos de Baur, a Demining Research Community, está experimentando com imagens térmicas e radar de penetração no solo para superar essas barreiras, além de estarem desenvolvendo um modelo que avalia o nível de confiança da IA na detecção de minas com base na quantidade de vegetação presente.

Milan Bajić, especialista em detecção remota que esteve envolvido nos esforços de desminagem na Croácia, considera esta abordagem uma valiosa adição ao conjunto de ferramentas de desminagem. Segundo ele, embora nenhuma tecnologia seja perfeita, a combinação de diferentes tecnologias pode ser mais bem-sucedida do que qualquer uma delas isoladamente.

A união de drones e inteligência artificial na luta contra as minas terrestres não é um sinal de esperança, preservando vidas e também acelerando o processo de recuperação de nações afetadas pela guerra.


Fonte: Scientific American

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