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Estados alterados de consciência são mais comuns do que se pensava. Mas será que são sempre positivos?

Há muita controvérsia quando o assunto é consciência e possíveis alteração de seus estados. Neste cenário, práticas como yoga, mindfulness, meditação e exercícios respiratórios têm ganhado popularidade por seus potenciais benefícios à saúde e ao bem-estar que já são conhecidos por muitos. E agora, um novo estudo revela que os estados alterados de consciência (EACs), frequentemente associados a essas práticas, são muito mais comuns do que se pensava anteriormente. 

A pesquisa, conduzida por uma equipe de investigadores do Massachusetts General Hospital, parte integrante do sistema de saúde Mass General Brigham, revelou que 45% dos entrevistados relataram ter experimentado estados alterados de consciência induzidos não farmacologicamente pelo menos uma vez na vida. Esses estados, embora frequentemente benéficos, podem, em alguns casos, levar a experiências negativas e até ameaçadoras à vida.

Os estados alterados de consciência são experiências subjetivas que diferem significativamente do estado de vigília normal, podendo incluir uma variedade de fenômenos, tais como a desrealização (sensação de estar desligado do ambiente), experiências unitivas (sensação de unidade ou “oneness”), êxtases, percepções vívidas, mudanças na percepção do tamanho, calor ou eletricidade corporal, experiências fora do corpo e percepção de luzes não físicas.

De acordo com o estudo publicado na revista Mindfulness, 45% dos 3.135 adultos dos EUA e do Reino Unido que completaram o questionário online relataram ter experimentado esses estados alterados de consciência pelo menos uma vez. Esse número é consideravelmente maior do que os 5% (nos EUA) a 15% (no Reino Unido) da população estimada que pratica mindfulness.

Efeitos positivos dos estados alterados de consciência

Embora muitos relatem efeitos positivos, às vezes até transformadores, decorrentes dessas experiências de alteração dos estados de consciência, uma minoria significativa relatou efeitos negativos substanciais. Entre os entrevistados, 13% relataram sofrimento moderado ou maior e 1,1% descreveram sofrimento ameaçador à vida. Daqueles que relataram sofrimento, 63% deles disseram que não procuraram ajuda.

O Dr. Matthew D. Sacchet, diretor do Programa de Pesquisa em Meditação no Massachusetts General Hospital e professor associado de Psiquiatria na Harvard Medical School, destacou que, embora esses estados alterados sejam uma variante comum da experiência humana normal, aqueles que vivenciam efeitos negativos frequentemente não buscam ajuda, e os clínicos muitas vezes não estão preparados para reconhecer ou apoiar esses tipos de experiências. Isso contribui para o que pode ser considerado um problema de saúde pública, uma vez que certas pessoas têm dificuldade em integrar suas experiências de estados alterados de consciência em suas concepções existentes de si mesmas e da realidade.

A descoberta de que os EACs são comuns entre a população em geral levanta questões relevantes sobre a necessidade de suporte adequado para aqueles que os experimentam. A pesquisa aponta para a importância de estudos adicionais para identificar características individuais associadas à experiência de estados alterados de consciência e ao sofrimento potencial relacionado a esses estados. É fundamental aplicar essa pesquisa ao cuidado do paciente para garantir que os benefícios dessas práticas possam ser plenamente realizados de forma segura.

Dr. Sacchet enfatiza que não devemos descartar a meditação e outras práticas como inerentemente perigosas, mas sim devemos entender melhor e apoiar os praticantes para que possam aproveitar ao máximo o potencial dessas práticas. Assim como na psicoterapia, na farmacologia e em outras ferramentas terapêuticas, é crucial aprender a melhor forma de implementar e apoiar as pessoas ao se engajar com essas práticas poderosas.

Antigos manuais de meditação e novas abordagens clínicas

Os manuais de meditação antigos, provenientes de tradições de sabedoria, podem ser úteis para classificar e entender os estados alterados de consciência, oferecendo orientações sobre como melhor gerenciar esses estados quando se tornam difíceis. No entanto, há uma clara necessidade de mais pesquisas para estudar e entender essa possibilidade.

Dr. Sacchet sugere que a formação clínica sobre estados alterados de consciência deve ser desenvolvida para melhor apoiar os clínicos que cuidam de pacientes que sofrem com esses tipos de experiências. Além disso, aqueles que ensinam práticas de meditação devem garantir que os participantes estejam cientes dos potenciais riscos envolvidos. Em conjunto, essas salvaguardas ajudarão a garantir que essas práticas promissoras e poderosas sejam ensinadas e experimentadas de maneira segura.

Os estados alterados de consciência são uma parte comum da experiência humana, especialmente entre aqueles que praticam técnicas corpo-mente como meditação, yoga e mindfulness, mas além da qualificação de profissionais para propagar os benefícios dessas práticas, é preciso também de entendimento de como os efeitos negativos podem surgir. 

A pesquisa recente destaca a importância de reconhecer esses estados alterados de consciência, fazendo com que nosso olhar se amplie para vermos mais do que só os benefícios, para que seja possível fornecer suporte adequado e continuar a estudar como melhor integrar essas experiências na prática clínica e no cuidado com o paciente. 

Fonte: Neuroscience News

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