A teoria da evolução é uma hipótese amplamente aceita para nossa compreensão diante da complexidade da vida. Trata-se de uma ideia que tem o acaso como principal fator influente para a adaptação e evolução da espécie.
Mas podemos estar diante de novas perspectivas a partir de um estudo revolucionário realizado na School Of Science da Universidade de Nottingham, que está redefinindo nossa percepção desse fenômeno natural, trazendo à tona uma nova compreensão sobre o assunto que poderia transformar a abordagem em campos muito variados, como por exemplo a biologia sintética, a medicina e até mesmo contribuindo na luta contra as mudanças climáticas.
Historicamente, a evolução foi vista como um processo marcado pelo acaso, um caminho sinuoso e imprevisível moldado por inúmeros fatores e acidentes históricos. Contudo, o estudo liderado pelo Professor James McInerney, Dr. Alan Beavan e Dr. Maria Rosa Domingo-Sananes desafia essa noção. Ao explorar o pangenoma – o conjunto completo de genes dentro de uma espécie – os pesquisadores trouxeram uma nova luz sobre a previsibilidade da evolução.
A pesquisa se aprofundou na análise de 2.500 genomas completos de uma única espécie bacteriana, utilizando um método sofisticado de aprendizado de máquina conhecido como Random Forest (Floresta Aleatória, em tradução livre), que contou com centenas de milhares de horas de processamento computacional, proporcionando um poder analítico monumental que abriu os horizontes para investigação das relações entre famílias de genes.
Essa abordagem meticulosa revelou uma espécie de ecossistema invisível, onde os genes cooperam ou entram em conflito uns com os outros, o que aponta para um aspecto de previsibilidade na evolução, desafiando a ideia de que a evolução é um processo inteiramente aleatório, destacando o papel crítico da história genética na determinação do curso evolutivo.
Possibilidades da previsibilidade da evolução
Imagine o potencial dessa descoberta: ao compreender como certas famílias de genes interagem, os cientistas poderiam projetar genomas sintéticos, mapeando manipulações genéticas de maneira previsível, que pode resultar em vastas aplicações práticas, profundamente impactantes.
No campo da saúde, por exemplo, essa compreensão genética renovada poderia revolucionar a medicina personalizada. O tratamento e a prevenção de doenças poderiam ser transformados, oferecendo novas métricas para avaliar riscos de doenças e a também a eficácia dos tratamentos. A precisão na medicina poderia atingir níveis nunca antes vistos, moldando tratamentos e terapias para se adaptarem às necessidades genéticas individuais.
Além disso, a luta contra a resistência aos antibióticos – um dos maiores desafios de saúde do nosso tempo – poderia ser redefinida. Compreender como os genes de resistência aos antibióticos dependem de outros genes para funcionar oferece uma nova abordagem para o desenvolvimento de tratamentos. Em vez de mirar apenas no gene de resistência, os cientistas podem agora visar todo o “elenco de apoio”, atacando o problema em várias frentes.
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E o impacto vai além da saúde humana diretamente. As mudanças climáticas são um outro grande problema do nosso tempo, representando uma ameaça cada vez mais urgente, e a capacidade de prever interações genéticas abre portas para soluções inovadoras. Microorganismos projetados para capturar carbono ou degradar poluentes poderiam se tornar ferramentas vitais na mitigação das mudanças climáticas, graças à capacidade de projetar genomas com funções específicas.
Esta pesquisa representa um marco no campo da biologia evolutiva. Ao desvendar a complexidade e a interconectividade dos genomas, os cientistas estão reescrevendo o que sabíamos sobre a evolução, com um grande o potencial de influenciar diretamente nossa saúde, nosso meio ambiente e nossa relação com o mundo natural.
Fonte: Neuroscience News