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IA Generativa é coisa do passado? O que o cofundador da DeepMind vê em um futuro próximo

Com a IA Generativa, estamos vivendo um momento intenso na história da tecnologia, e Mustafa Suleyman, cofundador da DeepMind, tem uma visão clara e ousada sobre o que vem a seguir. Segundo ele, a tendência da IA generativa está chegando ao fim, e a próxima novidade é a IA interativa.

Um chatbot que faz muito mais do que simplesmente “conversar”, é nisso que Mustafa aposta, vislumbrando um futuro em que esses bots vão muito além, realizando tarefas complexas, mobilizando outros softwares e até mesmo pessoas para executar trabalhos. Exatamente por isso que, para ele, a regulamentação robusta é indispensável nessa nossa nova era, e ele acredita firmemente que não será difícil atingir essa meta.

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Quem é Suleyman?

Vale destacar quem é Mustafa Suleyman e por que devemos prestar atenção ao que ele diz? Para começar, Suleyman não é apenas mais um entusiasta da tecnologia. Ele está por trás da Inflection, uma nova empresa bilionária que possui alguns dos talentos mais brilhantes do mundo da inteligência artificial, vindos de pesos pesados como DeepMind, Meta e OpenAI. E graças a um acordo com a Nvidia, ele tem acesso a um dos maiores arsenais de hardware especializado em IA do mundo.

Reprodução: Mustafa Suleyman / Foto: Joi Ito

Mustafa é um titã da tecnologia agora, e ele sempre viu como uma força para fazer coisas boas. Já em 2016, quando iniciou a DeepMind Health e estabeleceu parcerias com provedores de saúde regional do Reino Unido, seu foco refletia sua ideia de que a IA podia fazer o bem. Naquela época, havia relatos de que a DeepMind não aderiu às regulamentações de proteção de dados – uma reivindicação posteriormente confirmada por uma investigação oficial. Ainda assim, a missão de Suleyman se manteve inabalável em sua missão clara e inabalável de fazer o bem no mundo.

Sete anos se passaram desde então, e Suleyman não desviou de seu propósito nem um pouco. Hoje, ele divide seu tempo entre o Reino Unido e Palo Alto, no coração do Vale do Silício. Após deixar a DeepMind, ele se mudou para o Google, liderando uma equipe focada em políticas de inteligência artificial. Em 2022, ele fundou a Inflection, que rapidamente se tornou uma das empresas de IA mais famosas do cenário, com investimentos de gigantes como Microsoft, Nvidia, Bill Gates e o fundador do LinkedIn, Reid Hoffman. E não para por aí: Suleyman lançou o Pi, uma IA Generativa rival do ChatGPT, que se destaca por ser agradável e educado.

Vale a pena mencionar que Suleyman tem um histórico um tanto atípico para alguém do mundo da tecnologia. Ele abandonou a universidade aos 19 anos para criar uma linha de aconselhamento para jovens muçulmanos e trabalhou no governo local. Ele carrega consigo muitos dos valores aprendidos nessa época para a Inflection.

Para alguns, a postura otimista de Suleyman em relação à tecnologia pode parecer até um pouco ingênua. Algumas de suas afirmações sobre o sucesso da regulamentação online são questionáveis. No entanto, ele permanece firme em suas convicções, acreditando que o progresso da inteligência artificial está indo na direção certa.

Então, qual é o grande objetivo de Suleyman com toda essa revolução tecnológica? Ele vê três grandes ondas na evolução da inteligência artificial

  1. Primeiro, tivemos a onda da classificação, onde os computadores aprenderam a classificar diferentes tipos de dados.
  2. Agora, estamos na onda generativa, onde os computadores podem produzir novos dados.
  3. E a próxima: a fase interativa. Em vez de simplesmente clicar em botões ou digitar comandos, como fazemos hoje com a IA generativa, você conversará com a sua IA, e ela terá a capacidade de agir e comunicar-se com outros seres humanos ou softwares inteligentes para realizar tarefas.

Esse é um salto monumental no que a tecnologia pode fazer. Passamos de uma tecnologia estática, que faz o que lhe mandamos, para uma tecnologia “animada” que pode ter a liberdade de agir, caso queiramos, diferente do que é possível hoje com a IA generativa. É uma mudança verdadeiramente revolucionária na história de nossa espécie, onde criamos ferramentas com um tipo de capacidade de ação.

As controvérsias da superação da IA Generativa

Naturalmente, uma IA ainda mais avançada que a IA Generativa levanta preocupações. Conceder essa autonomia às máquinas, dando-lhes a capacidade de influenciar o mundo, enquanto tentamos controlá-las, é um equilíbrio delicado. Como faremos isso é uma questão que ainda precisa ser respondida.

O desafio está em definir fronteiras, linhas claras que a IA não deve cruzar. A abordagem de Suleyman é assegurar que essas fronteiras sejam tão fortes que se estendam desde o código base dos softwares inteligentes até suas interações com outras IAs e com os seres humanos. 

Mas quem deve garantir que essas fronteiras não sejam ultrapassadas? Enquanto uns propõem que essa responsabilidade seja de instituições independentes, outras sugerem uma supervisão direta do governo.

E ainda: quem deve definir essas fronteiras? Embora possam ser estabelecidas a nível nacional ou internacional, Suleyman argumenta que também haverá necessidade de regulamentação a nível micro, abordando questões como o processamento de dados pessoais por inteligência artificial.

Certas capacidades dessa tecnologia, segundo ele, devem ser encaradas com muita cautela. Um exemplo disso é a melhoria recursiva auto-imposta: A ideia de um software de IA atualizando seu próprio código sem supervisão humana direta é, de fato, preocupante. Analogamente, ele compara essa atividade à necessidade de licenças para manusear materiais perigosos, como o anthrax ou substâncias nucleares.

Fazendo um paralelo com os drones, Suleyman destaca como os espaços públicos têm suas regulações para garantir a privacidade das pessoas. Uma abordagem semelhante poderia ser adotada para a IA, reconhecendo o potencial de ameaça que ela pode representar em algumas circunstâncias.

Apesar de todas essas preocupações com uma IA que vai além da IA Generativa, o otimismo de Suleyman se mantém firme, e ele acredita que podemos regular essa tecnologia de forma eficaz, assim como fizemos com diversas outras inovações ao longo da história, como foi o caso da regulação da internet. Para ele, sempre que nos deparamos com um desafio encontramos maneiras de superá-los.

Ele também cita o sucesso regulatório em setores como aviação e automotivo, salientando que é possível fazer o mesmo com agora. Ao mesmo tempo, reconhece a necessidade de um esforço combinado de uma certa pressão cultural, institucional e governamental para que a regulamentação seja bem-sucedida.

A visão de Suleyman é clara sobre o enorme potencial das máquinas inteligentes, e embora ele não negue os riscos, não ignora que existem também oportunidades incríveis. O importante é redirecionar a conversa para abordar problemas práticos e imediatos, como privacidade e viés, em vez de se perder em temores existenciais.

Entre esperança e pragmatismo é fato que é preciso buscar meios para que a inteligência artificial se consolide como uma ferramenta para o bem e que, em como outros momentos na história, é preciso responsabilidade para superar os problemas que podem ser complexos mas que são passíveis de resolução como outros já foram no passado.

A possibilidade dessa chamada IA interativa vai trazer ainda mais questões do que as que já temos hoje com a IA Generativa. Justamente porque essa tecnologia não mostra sinais de retrocesso é que não podemos nos afastar e sim acompanhar de perto essa evolução que já está mudando a vida de todos nós.

Fonte: MIT Technoly Review

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