Lembra da greve de Hollywood por causa da inteligência artificial? Então, tem novidades sobre os escritores. Após intensos cinco meses de tensão e debates, Hollywood finalmente respira aliviada. A Writers Guild of America (WGA), o sindicato dos escritores, chegou a um acordo com os grandes estúdios, colocando um fim à greve que paralisou a cidade do cinema.
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A partir de quarta-feira, escritores de todas as esferas poderão voltar ao trabalho sob as condições estabelecidas por seu novo contrato com resoluções sobre salários, condições de trabalho e, claro, IA.
As ferramentas de IA, como o ChatGPT, começaram a preocupar os escritores. Embora esses sistemas, no estado atual, possuam uma capacidade criativa limitada, existia o temor de que os estúdios pudessem ver neles uma alternativa mais barata e rápida, substituindo, assim, o talento humano.
Adam Conover, um famoso escritor de comédia, disse em entrevista ao TechCrunch: “Não estou preocupado com a tecnologia em si, mas sim com as empresas usando uma tecnologia ainda incipiente para minar nossas condições de trabalho.”
Esse receio não era infundado. Essas ferramentas poderiam gerar roteiros inteiros em questão de segundos, adaptados instantaneamente às preferências do público e alterados de acordo com os caprichos dos estúdios. Um sonho para os executivos, com foco na produtividade e no lucro, mas um pesadelo para os escritores que dependem de sua habilidade e arte para ganhar a vida.
No entanto, o novo acordo traz consigo uma série de medidas que visam proteger os escritores deste futuro ameaçado pela inteligência artificial. De acordo com o que foi estabelecido:
- A inteligência artificial está proibida de escrever ou reescrever roteiros. Ou seja, mesmo que a tecnologia avance a ponto de criar histórias dignas de Oscar, elas não poderão ser usadas pelos estúdios.
- Qualquer escrita gerada por inteligência artificial não pode ser considerada material-fonte. Isso garante que um escritor não perca créditos por trabalhos adaptados a partir de conteúdos criados por máquinas.
- Os escritores, em sua autonomia individual, podem escolher usar ferramentas de inteligência artificial se assim desejarem (quem sabe para combater o bloqueio criativo?). No entanto, os estúdios não podem impor que usem determinadas ferramentas durante um projeto.
- Além disso, caso qualquer material gerado por inteligência artificial seja apresentado aos escritores para ser incorporado em uma obra, os estúdios têm a obrigação de informá-los.
O WGA foi além e fez uma declaração audaciosa: “O WGA reserva-se o direito de afirmar que a exploração do material dos escritores para treinar inteligência artificial é proibida pelo contrato ou por outra lei”. A mensagem é clara: mesmo que as leis federais e estaduais ainda estejam em processo de adaptação ao avanço da IA, o sindicato está pronto para proteger os direitos de seus membros.
Inteligência artificial e outros artistas de Hollywood
Esta discussão não é exclusiva dos escritores. O SAG-AFTRA, sindicato dos atores, também se encontra em meio a uma greve e tem manifestado preocupações semelhantes. Existe um receio genuíno de que, em breve, as performances de atores possam ser escaneadas ou suas vozes utilizadas para treinar modelos de inteligência artificial.
As preocupações com as consequências do uso dessa tecnologia são enormes: A possibilidade de uma enxurrada de atuações digitais, sem necessidade de salários, direitos de imagem ou exigências. E essa greve não se restringe ao cinema de Hollywood, recentemente o sindicato também autorizou uma greve contra a indústria de videogames.
O que o WGA conseguiu com seu novo contrato foi estabelecer um importante precedente para profissões criativas no mundo cada vez mais dominado pela inteligência artificial.
Nem todo mundo está contra a IA em Hollywood, mostrando que existe um grande potencial para essa tecnologia otimizar a rotina de artistas, como é o caso dos profissionais de VFX que já incorporaram ferramentas em suas funções. Clica aqui pra ver!
O talento humano é insubstituível para a arte e qualquer tecnologia que sirva como ferramenta, pode ajudar, mas é só isso: uma ferramenta. Hollywood sempre foi conhecida por explorar a tecnologia, e não deve ser diferente com a inteligência artificial. E contanto que os direitos autorais, de imagem, e demais questões legais e éticas dêem segurança aos artistas e trabalhadores, a tecnologia vai se manter trabalhando a favor da humanidade. E é claro que isso não é só pras questões do cinema, é para o mundo todo, em todas as áreas, certo?
Fonte: TechCrunch