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Inteligência Artificial na educação: 5 princípios do Reino Unido para um novo horizonte na academia

Inteligência artificial na educação é um assunto importante da pauta nas universidades do Reino Unido. Essa tecnologia é uma tendência que já bateu à porta da academia, revolucionando a forma como aprendemos e ensinamos.

Reprodução: Brasil Escola

No Reino Unido, as 24 universidades do Russell Group – uma associação composta por algumas das mais prestigiadas instituições de ensino superior do país – estão conduzindo essa transformação de forma pioneira.

Com um olhar perspicaz para o futuro, as universidades do Russell Group se reuniram para elaborar princípios orientadores na utilização de inteligência artificial generativa. O objetivo? Fazer com que alunos e corpo docente sejam fluentes em IA, capacitando-os a lidar com essa nova tecnologia que promete mudar a cara do ensino superior.

O passo parece audacioso, principalmente considerando que, até pouco tempo atrás, discutia-se a proibição de softwares de inteligência artificial como o ChatGPT no ambiente acadêmico para prevenir plágios e fraudes. Mas a nova diretriz vem na contramão dessas ideias e incentiva o ensino adequado da IA para os estudantes, ressaltando a importância do uso consciente e os riscos de plágio, viés e imprecisão.

Os professores também terão um papel fundamental nessa revolução, pois deverão estar preparados para auxiliar os alunos que já utilizam ferramentas de inteligência artificial como o ChatGPT em seus trabalhos. Novos métodos de avaliação serão desenvolvidos para minimizar o risco de trapaças, tornando o aprendizado mais interativo e inovador.

Em termos práticos, todas as universidades do Russell Group revisaram suas políticas e orientações de conduta acadêmica para refletir a emergência da questão. Com essa mudança, fica claro para alunos e professores onde o uso de inteligência artificial na educação é inadequado, proporcionando uma base sólida para tomadas de decisão informadas e o empoderamento para o uso adequado dessas ferramentas.

A transformação promovida pela IA é imensa e as universidades do Russell Group estão dispostas a aproveitá-la ao máximo. No entanto, eles se comprometem a fazê-lo de uma forma que beneficie os estudantes e o corpo docente e preserve a integridade e o rigor acadêmico das instituições.

5 princípios para pensar a universidade com a IA

Como resultado dessa abordagem inovadora, as universidades do Russell Group elaboraram cinco princípios orientadores

  1. capacitação de estudantes e staff para se tornarem proficientes em inteligência artificial;
  2. adaptação dos métodos de ensino e avaliação para incluir o uso ético;
  3. garantia de igualdade de acesso à inteligência artificial; 
  4. manutenção da integridade acadêmica
  5. e compartilhamento das melhores práticas conforme a tecnologia evolui.

Essa perspectiva do uso de inteligência artificial na educação superior não é apenas reativa. Em vez disso, essa iniciativa coloca a IA como uma oportunidade para repensar o papel da avaliação e como ela pode ser usada para aprimorar a aprendizagem dos alunos, ajudando-os a avaliar seus próprios avanços educacionais.

Entender como se relacionar com a inteligência artificial de forma consciente e sensata é uma habilidade essencial no mundo atual. Por isso, as universidades do Russell Group estão trabalhando de perto com seus alunos para criar orientações e políticas que não sejam impostas verticalmente, ao contrário, a proposta é que sejam co-criadas em uma abordagem participativa.

Implementando a Inteligência Artificial na educação

Créditos: Kauê Peinado para Futuro Relativo

Iniciativas como esta nos colocam diante de uma nova perspectiva sobre os modelos educacionais disponíveis e nos dão uma possibilidade otimista de futuro, principalmente se levado em conta o caráter inclusivo das decisões.

Há um bom tempo já se questiona o conteúdo aplicado nas universidades, quanto à dissonância percebida por muitos entre a teoria acadêmica e a prática no mercado. Como ficará agora, se não pensarmos logo em como usar a inteligência artificial para aprimorar o aprendizado, estando ela tão presente no mundo corporativo e até na vida pessoal? 

No passado, tivemos resistência quanto ao uso da calculadora, da internet, de celulares, e esses artifícios foram absorvidos pela sociedade como um todo, fazendo com que as discussões sobre o uso fossem trazidas à tona, forçosamente. Pode-se objetar que, embora fossem uma evolução, esses recursos não tinham o potencial que a inteligência artificial tem: eles não tomavam decisões, as associações de informações e os outputs dependiam muito mais da ação humana. Faz sentido. E é por essa diferença que a urgência dos diálogos se impõe.

Os 5 princípios adotados no Russell Group são um ótimo ponto de partida para pensarmos o que fazer diante desse novo momento que se estabelece de forma tão definitiva quanto volátil. Um paradoxo? Não necessariamente. Só quer dizer que a mudança constante neste cenário é algo já colocado, não tem volta. Acompanhar todos os passos do avanço dessa tecnologia é difícil se estivermos atentos, imagina se adiarmos a busca pelas melhores formas de implementar essas soluções.

Não adianta ignorar a inteligência artificial

Falando de mercado, essa tecnologia tem um enorme potencial de aumento de produtividade e receita (você pode conferir aqui o que foi divulgado pela McKinsey). Visto isso, é absolutamente improvável que haja um retrocesso nessa questão, e isso vai se refletir na formação acadêmica dos profissionais e na educação desde as bases. Quando começar a usar essas ferramentas? Como garantir acesso igualitário? Como não permitir as disparidades no aprendizado das diversas classes sociais? Como fazer com que alunos utilizem para aprimorar seus estudos e não para substituí-los? Como preservar e, mais, elevar o valor do ambiente acadêmico? Como pensar a qualificação e o posicionamento dos professores? Mais uma vez, um sem-número de questões.

Resistir a essa tecnologia só vai fazer com que as decisões fiquem limitadas a quem já entendeu que é um momento sem volta, como tantos outros já houveram na história. E pelo tamanho do impacto, a inteligência artificial tende a se estabelecer de forma mais rápida, com todos os riscos tomando proporções ainda maiores se a rejeição persistir.

E se vai impactar todos nós, porque se afastar disso? Se dispositivos como calculadoras e celulares que, diante do que temos hoje, isoladamente têm muito menos potencial, imagina como será com a IA… 

A importância do preparo na academia

Deixando o mercado um pouco de lado, – que já é óbvio que está se preparando para isso – ,  a academia precisa buscar acompanhar esse movimento, em uma escala global, para que os abismos sociais não se acentuem ainda mais. Alunos preparados serão profissionais preparados, serão seres humanos preparados

Levar os diálogos sobre inteligência artificial para dentro da universidade é uma necessidade iminente para conduzir um uso adequado, em um mundo onde as fontes de conhecimento são tão variadas quanto de origem duvidosa. 

Buscar meios de orientar corpo docente, staff e alunos é fundamental para validar informações adequadamente, para deliberar o que, quando e como usar, e, principalmente, trazendo à consciência o que pode ser desenvolvido se a inteligência artificial for usada como um ponto de partida e um meio, mas nunca como um fim. Não é sobre assumir as respostas de um ChatGPT da vida como definitivas, e sim que sobre entender que seus outputs podem ser provocadores de ainda mais questionamentos. 

É um momento onde as perguntas são ainda mais importantes do que as respostas. E melhores perguntas só são possíveis com maior repertório. Repertório este que pode, inclusive, ser aprimorado pelas IAs generativas. Se bem aplicado, é um processo que se retroalimenta. A barra vai subir, o trivial não vai ser suficiente, e por isso precisamos garantir que haja condições que proporcionem o acesso amplo e adequado. 

A preocupação deveria estar em superar todos os desafios que impedem o desenvolvimento do pensamento crítico e a assimilação da importância do repertório. Precisamos tirar da cabeça que é só a questão de plágio, – para o que, aliás, já existem algumas ferramentas que começam a resolver esses problemas, em certa medida, como esta aqui. Ferramentas deste tipo tendem a ser aprimoradas, logo, as questões principais vão ser sempre aquelas que colocam o ser humano, individualmente e na coletividade, no centro das conversas.

Fonte: The Guardian

Flaw Bone

Flaw Bone

Pesquisadora, curiosa e comunicadora | Filosofia Prática - UFRJ 🙃

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