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Matemática na piscina? Conheça os impactos na performance dos atletas olímpicos

A complexidade matemática invadiu as piscinas nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Uma controvérsia se instaurou sobre o desempenho dos nadadores, levantando dúvidas sobre a adequação da piscina olímpica na Paris La Défense Arena. A questão principal gira em torno de uma questão matemática, mais precisamente na profundidade da piscina, que muitos acreditam ser insuficiente, o que estaria impactando negativamente os tempos dos nadadores.

A complexidade matemática invadiu as piscinas nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Uma controvérsia se instaurou sobre o desempenho dos nadadores

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021, diversos recordes mundiais foram quebrados, incluindo seis apenas na natação. Em Paris, porém, até o dia 1º de agosto, apenas um recorde mundial foi superado, e muitos atletas ficaram aquém das expectativas. Nicolò Martinenghi, por exemplo, venceu os 100 metros peito masculino com um tempo de 59,03 segundos, o mais lento nessa prova desde 2004.

A Paris La Défense Arena, originalmente um estádio de rugby e local de shows, foi convertida para abrigar a piscina olímpica temporária, que será desmontada após os Jogos. A profundidade desta piscina é de 2,15 metros, bem abaixo da recomendação de 3 metros para piscinas olímpicas. Antes, a regulamentação exigia uma profundidade mínima de 2 metros, mas a recomendação foi revisada para 2,5 metros e, posteriormente, para 3 metros.

Joel M. Stager, biofísico da Universidade de Indiana, explica que a profundidade da piscina e outros fatores, como o design das raias e a disposição do retorno da água, podem criar correntes que prejudicam o desempenho dos nadadores. Piscinas mais profundas ajudam a amortecer as ondas geradas pelos atletas, reduzindo a turbulência que pode desacelerá-los.

Bernd Berkhahn, treinador da seleção nacional de natação da Alemanha, e um usuário do Reddit conhecido como FreestyleRobinson, que trabalha com a Myrtha Pools, fabricante da piscina temporária de Nanterre, criticaram a profundidade de 2,15 metros, apontando que causa muita turbulência e não favorece bons tempos dos atletas. Estudos mostram que piscinas temporárias tendem a ter mais correntes perturbadoras: uma pesquisa de 2015 revelou que 70% das raias em piscinas temporárias apresentavam essas correntes, em comparação com 35% nas piscinas permanentes.

Embora a performance em alguns eventos em Paris não suporte totalmente a teoria da “piscina lenta”, como observado nas eliminatórias dos 400 metros livres femininos, onde o tempo mais lento para se qualificar para a final foi mais rápido do que em Tóquio 2021, a dúvida permanece. Roberto Colletto, CEO da Myrtha Pools, defende que a piscina foi construída com as melhores tecnologias disponíveis, incluindo simulações de dinâmica de fluidos computacionais, para criar condições ótimas de competição.

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O que a matemática tem a ver com a performance dos atletas na piscina?

O problema de modelar o fluxo de água em piscinas está relacionado a um dos problemas mais complexos da matemática: as equações de Navier-Stokes. Desenvolvidas no século XIX, essas equações descrevem como a velocidade, pressão, temperatura e densidade de um fluido em movimento se relacionam. Resolver essas equações de maneira exata é tão difícil que constitui um dos sete Problemas do Prêmio Millennium,  com uma recompensa de 1 milhão de dólares para quem conseguir provar que sempre há uma solução para um desses sete problemas da matemática mais difíceis e importantes do mundo, estabelecidos pelo Instituto Clay de Matemática.

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O histórico de críticas a piscinas de grandes competições reforça a complexidade do problema. No Campeonato Mundial de Natação FINA de 2013 em Barcelona e nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, surgiram preocupações de que as correntes nas piscinas estavam afetando o desempenho dos nadadores de maneira desigual. Em ambos os casos, análises estatísticas indicaram variações no desempenho dependendo da raia e direção do nado, sugerindo a presença de correntes.

Para determinar se a piscina de Paris realmente é “lenta”, serão necessárias medições detalhadas ou análises estatísticas após os Jogos. Até lá, a incerteza persiste, e os nadadores precisam continuar competindo nas condições atuais. Como aponta Stager, “quando os Jogos terminarem, os resultados poderão ser examinados, e talvez saibamos mais então.”

Apesar das críticas e incertezas, a construção de piscinas temporárias em locais como a Paris La Défense Arena faz sentido do ponto de vista logístico e financeiro, permitindo que grandes eventos aconteçam sem a necessidade de infraestruturas permanentes gigantescas. Contudo, a escolha de uma profundidade menor para a piscina olímpica deste ano certamente alimenta o debate sobre o impacto das condições da piscina no desempenho de atletas de alto nível em busca do ouro olímpico.

Fonte: Scientific American

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