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O teletransporte é possível? Entenda a abordagem quântica sobre o assunto

Quando pensamos em teletransporte, é quase inevitável não imaginar cenas icônicas de “Star Trek”, onde personagens são instantaneamente transportados de um ponto a outro do universo, ou o TARDIS de “Doctor Who”, capaz de viajar no tempo e espaço. Contudo, longe dos holofotes da ficção científica, o teletransporte quântico emerge como uma realidade científica fascinante e complexa, prometendo revolucionar a forma como entendemos e interagimos com o universo ao nosso redor.

No episódio de “The Joy of Why“, um podcast da Quanta Magazine, Janna Levin, uma renomada cientista, conduz uma entrevista esclarecedora com John Preskill, físico teórico do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e uma das maiores autoridades em computação quântica e informação. Diferente das fantasias de teletransporte humano, o teletransporte quântico trata da transmissão de informações quânticas — especificamente, o estado de partículas quânticas, como os qubits, que são a base da computação quântica — de um local para outro, sem a necessidade de um meio físico conectando os dois pontos.

No coração do teletransporte está o fenômeno do entrelaçamento quântico. Preskill descreve entrelaçamento como correlações peculiares entre partes de um sistema quântico, que não encontramos no mundo clássico. Imagine dois qubits entrelaçados, separados por grandes distâncias. A medida de um instantaneamente afeta o estado do outro, uma conexão que Einstein famosamente criticou como “ação fantasmagórica à distância”. No entanto, essa “comunicação” não permite a transferência de informações a uma velocidade superior à da luz, mantendo-se fiel à relatividade especial de Einstein, uma vez que a correlação só pode ser confirmada mediante comunicação clássica.

Preskill sugere um experimento mental, uma viagem imaginária entre a Califórnia e Nova York, ilustrando como o teletransporte quântico pode ser realizado. Suponha que ele, na Califórnia, deseje enviar a Levin, em Nova York, um qubit contendo informações quânticas específicas. Usando um par de qubits entrelaçados previamente compartilhados e dois bits de informação transmitidas por meios convencionais, como a internet, Preskill pode destruir o estado original do qubit em sua localização, permitindo que Levin reconstrua esse estado exato em Nova York. Essa transferência de estado quântico, realizada sem mover fisicamente o qubit, é a essência do teletransporte quântico.

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Por que o teletransporte quântico é importante?

As implicações do teletransporte quântico vão muito além do que o senso comum pode pensar como um mero truque científico. Preskill discute seu potencial para revolucionar comunicações e computação, além de permitir novas formas de entender a física fundamental. A distribuição global de entrelaçamento quântico pode, por exemplo, fundamentar sistemas de comunicação quântica à prova de espionagem e permitir avanços significativos na computação quântica, ao facilitar a transferência de informações quânticas entre chips de computador sem perdas ou interferências.

Além das aplicações tecnológicas, o teletransporte e o entrelaçamento quânticos oferecem novas perspectivas sobre questões fundamentais da física, como, por exemplo, a relação entre entrelaçamento quântico e fenômenos gravitacionais, como buracos negros e possivelmente a própria natureza do espaço-tempo, abrindo novos caminhos para a pesquisa científica. Preskill destaca que o entrelaçamento pode nos ajudar a compreender melhor o paradoxo da informação em buracos negros e a estrutura fundamental do universo.

O teletransporte quântico, como discutido por Levin e Preskill, é mais do que um conceito intrigante para físicos teóricos, sugerindo uma nova era de tecnologia e compreensão científica, à medida que avançamos em nossa capacidade de manipular informações quânticas, estamos à beira de descobertas que podem transformar radicalmente campos tão diversos quanto comunicação, segurança, medicina e além.

Embora a ideia do teletransporte de pessoas continue sendo coisa da ficção, o teletransporte quântico de informações é uma realidade com implicações profundas para o futuro da tecnologia e da compreensão científica.

Fonte: QuantaMagazine

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