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Planta brilhante? Conheça o novo feito da engenharia genética, a petúnia vaga-lume

A engenharia genética possibilitou a criação de uma planta brilhante! A chegada da petúnia vaga-lume, uma petúnia geneticamente modificada ao mercado americano, capaz de emitir uma luz verde contínua, marca um momento inovador da união de biotecnologia e horticultura. Desenvolvida pela Light Bio, uma empresa biotecnológica sediada em Sun Valley, Idaho, esta planta que brilha aponta para um potencial vasto e ainda pouco explorado da engenharia genética aplicada ao cotidiano das pessoas.

Por US$29,00, consumidores dos 48 estados contíguos dos EUA podem agora reservar a sua petúnia híbrida, que durante o dia apresenta flores de aparência branca, mas que à noite revela uma fascinante luminescência verde. A Light Bio planeja iniciar o envio de um lote inicial de 50.000 dessas “petúnias vaga-lume” em abril, introduzindo uma experiência única aos amantes de plantas.

Essas plantas biotecnológicas são fruto do trabalho de Keith Wood, CEO e co-fundador da Light Bio, que desde a década de 1980 explora as possibilidades das plantas bioluminescentes. A petúnia luminescente de hoje é resultado de anos de pesquisa e desenvolvimento, que começaram com a inserção do gene da luciferase de vaga-lumes em uma espécie de tabaco, um projeto inicial voltado para compreender a expressão gênica. No entanto, a verdadeira revolução veio com a incorporação de genes de um cogumelo bioluminescente, o Neonothopanus nambi, na petúnia, permitindo que a planta converta o ácido cafeico, um composto naturalmente presente, em luciferina, a molécula emissora de luz, de forma sustentável e sem a necessidade de suplementos especiais.

Reprodução: Nature – As partes da planta de crescimento rápido, como flores e folhas em botão, brilham mais intensamente. Crédito: Light Bio

Diferentemente da fluorescência, que depende de luzes ultravioletas para ser observada, a bioluminescência da petúnia ocorre de forma autônoma, proporcionando uma suave luminescência verde que pode variar em intensidade dependendo da saúde e da exposição solar da planta. Essa característica, além de distinguir a petúnia de outros organismos geneticamente modificados, como os GloFish, oferece uma nova dimensão à decoração de interiores e jardins, unindo beleza e ciência de maneira inovadora.

A aprovação da petúnia bioluminescente pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos em setembro reflete um rigoroso processo de avaliação, bem como a escolha cuidadosa da Light Bio por uma espécie não nativa e não invasiva, por minimizar potenciais impactos ecológicos, marcando um importante passo para o uso doméstico de plantas geneticamente modificadas, e sinalizando um avanço significativo na percepção pública e na regulamentação de tais tecnologias.

O diálogo em torno da engenharia genética muitas vezes é marcado por preocupações relacionadas à segurança alimentar, à biodiversidade e às implicações éticas do controle genético. Mas a petúnia luminescente, ao ser posicionada como um produto ornamental e não alimentar, apresenta uma aplicação da engenharia genética que escapa de muitas dessas controvérsias, focando em aspectos estéticos e educacionais.

A reação dos cientistas à petúnia vaga-lume é majoritariamente de admiração e otimismo. Diego Orzáez, biólogo vegetal do Instituto de Biologia Molecular e Celular de Plantas em Valência, Espanha, descreve a criação da petúnia como um evento inovador, refletindo o entusiasmo da comunidade científica pelo potencial de tais avanços. 

Steven Burgess, biólogo vegetal da Universidade de Illinois Urbana-Champaign compara a nova planta brilhante ao  tomate roxo (Solanum lycopersicum), que teve suas primeiras sementes sendo vendidas nos EUA no começo deste mês. 

Reprodução: Nature – O tomate roxo obtém sua tonalidade ao expressar genes de uma planta snapdragon. Crédito: Norfolk Plant Sciences

Este tomate é o primeiro produto geneticamente modificado para fins alimentícios que são comercializados diretamente pelos produtores! Neste tomate, os cientistas inseriram material genético da planta snapdragon ( Antirrhinum majus ) obter sua cor roxa e altos níveis de antocianinas, que são antioxidantes.

Mais do que uma planta brilhante para decoração

A petúnia vaga-lume é mais do que só bonita. A tecnologia por trás dessa petúnia já está sendo considerada para futuras aplicações agrícolas, como plantas capazes de sinalizar estresse ou infecção através da bioluminescência, prometendo transformações significativas na maneira como monitoramos e gerenciamos culturas.

Reprodução: Nature: A petúnia vaga-lume brilha em um verde fraco e contínuo no escuro. Crédito: Light Bio

A Light Bio, consciente das possíveis preocupações em relação à propriedade intelectual e ao compartilhamento de mudas entre entusiastas de plantas, adota uma postura progressista, focando em inovação contínua em vez de restrições rigorosas. Além de facilitar a disseminação da tecnologia, essa postura antecipa o desenvolvimento de novos produtos que capturam a imaginação do público, mantendo o interesse e o apoio à biotecnologia vegetal.

A petúnia bioluminescente não tem um papel apenas como novidade no mercado de plantas ornamentais, mas também como se coloca como um embaixador da engenharia genética. Ao oferecer uma experiência tangível e positiva com a biotecnologia, a petúnia vaga-lume tem o potencial de mudar percepções, demonstrando que a engenharia genética pode ser aplicada de maneira que enriqueça nossa vida cotidiana, estética e ambientalmente.

Em uma época em que os debates sobre a modificação genética e suas implicações éticas, ambientais e sociais estão em primeiro plano, a introdução da petúnia bioluminescente nos EUA representa um momento de celebração para a ciência e a inovação, oferecendo um vislumbre do futuro, onde a engenharia genética não se limita a soluções para crises alimentares ou desafios médicos, mas se estende ao enriquecimento da beleza natural e à criação de novas formas de interação com o mundo vivo ao nosso redor.

Esta planta brilhante é um avanço que entusiasma cientistas e público amplo, apontando as possibilidades da engenharia genética para aplicações diversas. Os diálogos éticos continuam para o avanço dessa tecnologia, mas o fato é que a petúnia vaga-lume já começará a embelezar as casas  e jardins por aí…

Fonte: Nature

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