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Por que nosso cérebro conta até quatro itens mas vacila no quinto?

Como nosso cérebro opera para contar objetos? Já tentou estimar rapidamente quantas maçãs estão em uma cesta ou quantos amigos chegaram a uma festa? Se o número for quatro ou menor, seu cérebro provavelmente acertará com facilidade. No entanto, se for mais do que isso, a tarefa pode ter ser um pouco mais desafiadora. A neurociência traz uma perspectiva interessante sobre o assunto em uma descoberta recentemente.

Um novo estudo mostra que o nosso cérebro atua com dois sistemas numéricos diferentes. 

Há mais de um século, os cientistas sabem que somos particularmente bons em avaliar, de relance, quantidades de quatro ou menos itens. Mas, por alguma razão, nossa performance despenca – tornando-se mais lenta e propensa a erros – quando o número ultrapassa quatro

E não é de hoje que essa questão provoca curiosidade. Em 1871, William Stanley Jevons, um renomado economista e lógico, ao analisar as suas próprias capacidades de contagem, já levantava em um artigo publicado na Nature a intrigante observação de que o número cinco parecia ser um limiar difícil de ser superado com precisão em estimativas rápidas.

Lisa Feigenson, psicóloga e co-diretora do Laboratório de Desenvolvimento Infantil da Johns Hopkins University, em Baltimore, Maryland, lança um olhar intrigante sobre essa pesquisa com o cérebro:  “Fundamentalmente, a questão é de arquitetura mental: quais são os blocos de construção que dão origem ao pensamento humano?”  

Alguns pesquisadores acreditavam que o cérebro utiliza um único sistema de estimativa que, por algum motivo, se torna menos preciso para números maiores. Por outro lado, havia quem argumentasse que essa queda de desempenho se dava porque nosso cérebro possui dois sistemas neurais distintos para quantificar objetos. Mas a verdade é que, até pouco tempo atrás, as pesquisas não haviam conseguido determinar qual dessas teorias era correta.

Como o cérebro conta? 

A resposta veio de um estudo recente publicado na revista Nature Human Behaviour, em que pesquisadores tiveram a rara oportunidade de gravar a atividade de neurônios individuais no cérebro de pessoas acordadas. O experimento aconteceu com 17 participantes que estavam sendo tratados de convulsões no University Hospital Bonn, na Alemanha, e tinham microeletrodos inseridos em seus cérebros como parte da preparação para uma cirurgia.

Durante a pesquisa, foram mostradas imagens aos participantes, exibindo entre zero a nove pontos em uma tela durante meio segundo, e a tarefa deles era indicar se o número de itens era ímpar ou par. E, conforme esperado, as respostas foram muito mais precisas quando visualizaram quatro pontos ou menos.

Em pesquisas anteriores, os cientistas já tinham analisado que nosso cérebro se comporta de uma forma específica, apontando que alguns neurônios disparavam quando eram apresentados a um objeto, outros neurônios apresentados a dois objetos, e assim por diante. 

Mas agora, descobriram que enquanto os neurônios responsáveis por números até quatro reagiam desta forma, reagindo de forma seletiva ao seu número “preferido”, os neurônios para os números cinco a nove apresentavam uma resposta mais ampla, não apenas ao seu número específico, mas também aos números imediatamente adjacentes.

Andreas Nieder, co-autor do estudo e fisiologista animal na Universidade de Tübingen na Alemanha, fez uma observação reveladora: “Quanto maior o número preferido, menos seletivos eram esses neurônios“. Ou seja, neurônios específicos para o número três só “acendiam” em resposta a esse número, enquanto neurônios voltados para o oito, por exemplo, reagiam ao oito, mas também ao sete e ao nove

Tais observações sugerem que existem, de fato, dois ‘sistemas numéricos‘ distintos em nosso cérebro, uma revelação que surpreendeu até mesmo Nieder, que inicialmente acreditava em apenas um mecanismo.

Estas descobertas nos dão uma perspectiva sobre como buscar entender a arquitetura do nosso cérebro pode nos ajudar a desvendar os fundamentos do pensamento humano. E, ao olharmos para estudos como esse, percebemos o quão intrincada é a jornada de compreensão do nosso próprio cérebro.

Nosso cérebro ainda é um mistério, mas pensar que ele trabalha com dois sistemas numéricos é realmente surpreendente e mostra a complexidade das nossas redes neurais que ainda ainda têm muitos mistérios a serem desvendados!

Fonte: Nature

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