Rochas são coisas da geologia e da… matemática! Pois é! Rocha também é coisa de um cientista que se tornou notável a partir de sua visão simples de mundo, defendendo que, por mais que a ciência tente resolver problemas complexos, ela tem um grande potencial nas questões simples!
Vamos te apresentar a Gábor Domokos, um matemático húngaro que, através de sua visão intuitiva da realidade, conquistou um tremendo destaque na ciência.
Lá pelos montes perto de Budapeste, nas intrincadas fendas das rochas, Domokos se perde observando lagartos e salvando besouros presos em suas costas. Em uma aventura geográfica incomum, ele se detém diante de uma rocha exposta, cheia de rachaduras, repleta por fragmentos de pedras. Para a maioria de nós, pode parecer uma rocha ordinária, mas para Domokos, é uma fonte infinita de perguntas matemáticas e de exploração das formas e padrões do nosso mundo.
Pode parecer estranho que um matemático esteja tão interessado em rochas, mas esse professor da Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste, de 61 anos, inspirado pelas rachaduras dessas rochas, concebeu uma nova maneira de classificar a tesselação poligonal. Isso pode soar complexo, mas basicamente, ele está tentando entender e categorizar os padrões que vemos na natureza, seja nas rochas ou nas formações tectônicas.
Pense na tesselação como um intrincado quebra-cabeça geométrico que cobre uma superfície sem deixar lacunas ou sobreposições. No caso da tesselação poligonal, o “quebra-cabeça” é formado por polígonos, que são formas planas com um número específico de lados retos, como triângulos, quadrados ou hexágonos.
Domokos, com sua paixão por descobrir a matemática nas maravilhas da natureza, ficou fascinado por esses padrões, especialmente ao observar as rachaduras nas rochas, e ao entender como esses polígonos se encaixam e formam padrões na natureza, ele pôde desenvolver novas abordagens matemáticas para classificar e interpretar esses fenômenos, e assim como um quebra-cabeça que começa a tomar forma, a tesselação poligonal nas rochas tornou-se uma chave para desvendar os mistérios da geometria do nosso mundo.
Esse trabalho não é apenas para finalidades acadêmicas, a NASA está utilizando o trabalho com as rochas de Domokos para entender as superfícies de outros planetas. Sua nova proposta de estrutura para classificação poligonal aplicada à geologia aponta padrões universais na geometria das fraturas nas rochas, de fissuras de lama até o intrincado quebra-cabeça tectônico. O peso disso? Ele está ajudando a desvendar os mistérios do universo!
E não para por aí, suas descobertas sobre a geometria dos seixos estão ajudando a rastrear a erosão na Terra e em Marte. E, como se isso não fosse o suficiente, pesquisadores do MIT estão usando seu trabalho para criar cápsulas que se orientam para administrar vacinas no estômago.
Com sua abordagem inovadora, esse matemático muitas vezes desafia a convenção, não se encaixando rigorosamente em nenhum campo específico da matemática. Isso pode ser devido à sua formação não convencional: Domokos, na verdade, começou sua jornada acadêmica como arquiteto, e se aventurou pelo mundo da matemática e da ciência principalmente por conta própria, muitas vezes usando textos em alemão que comprou quando estudante. Essa jornada autodidata de aprendizado levou-o a ver problemas intuitivamente, de uma forma incomum a cientistas e matemáticos.
Ele é mais conhecido por co-descobrir o gömböc, a primeira forma 3D convexa com apenas dois pontos de equilíbrio. Este objeto tem a incrível propriedade de sempre se corrigir, não importa como seja colocado. Imagine derrubar um objeto e ele sempre se endireitar, graças à sua geometria.
Uma bacia rochos encontrada em Namibia também pode conter informações sobre a nossa história! Clica aqui e dá uma olhada nesses registros deixados por nossos antepassados!
Rochas, matemática e as possibilidades de um jeito diferente de ver o mundo
A originalidade de Domokos provavelmente decorre de sua capacidade de misturar os mundos da arquitetura e da matemática, e sua intenção principal é descrever o mundo físico em sua geometria mais simples. András Sipos, um colega e professor do departamento de Domokos, acredita que seu background diversificado é o motivo de sua originalidade. Ele não fica preso a símbolos e linguagem de um único campo.
O matemático que investiga rochas traz uma reflexão importante, dizendo que a primeira coisa que as pessoas fazem quando entendem algo é atribuir um nome, mas que as formas não têm nomes. Sua aluna, Krisztina Regős, destaca que o principal objetivo é encontrar uma nova linguagem para descrever as formas.
Cientistas afirmam que, ao falar com ele, Domokos é humilde, e que compartilha histórias animadas e muitas vezes menciona interações com grandes nomes da matemática, mas nunca de uma maneira pretensiosa. Ele até mesmo minimiza suas próprias realizações, apesar de seus colegas pensarem o contrário.
Na verdade, ele é conhecido por abordar problemas que, à primeira vista, parecem simples, mas que têm profundas implicações, com um dom para, intuitivamente, entender quais questões não são apenas simples de se perguntar, mas também de se resolver. Quando sua curiosidade o leva a um novo problema, ele geralmente começa com uma versão simplificada, um tipo de “brinquedo” onde ele testa os limites do conhecido e do desconhecido, e constrói a partir daí seu trabalho se desenvolve.
Atualmente, Domokos está trabalhando em tesselações, ou padrões de mosaico, a partir de um modelo simples desenvolvido para rachaduras de rochas, em que está tentando entender como os padrões crescem e se desenvolvem. Para ele, a ciência é tanto sobre as perguntas quanto sobre as respostas. E ao que parece, ele tem um talento especial para encontrar as perguntas certas, o que parece ser fator de grande admiração entre colegas da ciência e alunos.
É inspirador ver histórias como esta, não é? Quem diria que um matemático se dedicaria a desvendar os segredos de rochas! Está aí, mais uma prova de que o conhecimento humano, tão amplo e plural, pode nos dar uma visão de mundo que garante novas possibilidades de compreensão da nossa realidade!
Fonte: MIT Technology Review