Ao olharmos para rochas, sempre vemos que há sempre algo novo e fascinante a ser descoberto sobre o nosso planeta, mesmo que seja um “fantasma” que remonta a milhões de anos atrás.
Antes de começar… Você acha que rocha é coisa só de geólogo? Pense duas vezes! Clica aqui!
No coração de Bornéu, uma imensa ilha do sudeste asiático, cientistas tropeçaram em uma descoberta que reescreve partes da história geológica da Terra. Trata-se da Placa Pontus, uma antiga e imensa placa tectônica que desapareceu há 20 milhões de anos.
Parece um daqueles enigmas de detetive, e é exatamente assim que os cientistas estão se sentindo. Imagine sair para estudar rochas em uma missão e, de repente, perceber que as pistas magnéticas nelas não se encaixam em nada que se conheça! Essa foi a intrigante situação que Suzanna van de Lagemaat, doutoranda na Universidade de Utrecht, na Holanda, enfrentou com sua equipe.
A história começa com a equipe pesquisando a placa do Pacífico, em Bornéu. Eles estavam particularmente interessados nos restos de uma antiga placa perdida, conhecida como Phoenix.
As placas tectônicas, como você deve se lembrar das aulas de geografia, estão constantemente em movimento. Devido a sua densidade, as placas oceânicas tendem a ser empurradas sob as placas continentais em um processo chamado subducção, mas, ocasionalmente, rochas de uma placa perdida são incorporadas em montanhas e servem como peças do quebra-cabeça para os cientistas, que investigam as propriedades magnéticas das rochas para entender suas origens.
Quando as rochas se formam, elas “capturam” o campo magnético da Terra, e esse campo muda dependendo de onde você está no planeta. Portanto, a análise do campo magnético de uma rocha pode nos dizer muito sobre de onde ela veio.
No entanto, as amostras coletadas em Bornéu apresentaram um enigma: O campo magnético delas não correspondia ao de nenhuma placa conhecida!
O que as rochas revelaram
Para solucionar esse mistério geológico, van de Lagemaat fez uso de modelos computacionais para retroceder no tempo e examinar a geologia da região ao longo de impressionantes 160 milhões de anos. E, bingo! Ela encontrou uma discrepância.
A análise da placa revelou uma inconsistência entre a atual região sul da China e Bornéu. O que se acreditava anteriormente, que um oceano era sustentado pela antiga placa Izanagi, não era o caso. Na verdade, as rochas misteriosas de Bornéu preenchiam essa lacuna.
Essa revelação levou à identificação da do que os pesquisadores chamaram de Placa Pontus, uma placa tectônica que já foi um quarto do tamanho do Oceano Pacífico! A placa é identificada apenas por alguns fragmentos de rocha das montanhas de Bornéu e por restos de sua enorme placa detectada nas profundezas do manto da Terra.
A pesquisa, que foi detalhadamente publicada no renomado jornal “Gondwana Research”, também nos deu uma linha do tempo dessa placa. Ela se formou há pelo menos 160 milhões de anos e, ao longo de sua existência, foi encolhendo, até finalmente ser empurrada sob as placas da Austrália e da China, desaparecendo do mapa geológico há 20 milhões de anos.
Curiosamente, um estudo de uma década atrás do mesmo laboratório já havia indicado a possível existência da Placa Pontus. Esse estudo anterior analisou o manto da Terra, a camada intermediária do nosso planeta, e encontrou um imenso pedaço de crosta de origem desconhecida.
Agora, com a recente descoberta de van de Lagemaat, tudo se encaixou: esse grande pedaço de crosta é o que resta da Placa Pontus.
Fonte: Scientific American