Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

O sapo que pode ser salvo porque se camufla de cocô! 

Um sapo mestre do disfarce nos lembra que no reino animal, a arte de se camuflar é uma questão de vida ou morte. Entre as mais fascinantes estratégias de sobrevivência, destaca-se o sapo-voador de Wallace (Rhacophorus nigropalmatus), um pequeno anfíbio de cor verde vibrante, habitante das florestas tropicais de Borneo, da Península Malaia e da ilha indonésia de Sumatra. 

Este sapo é um ágil planador entre as copas das árvores, mas na sua juventude a coisa é meio esquisita quando o assunto é sua aparência… 

Diferentemente dos adultos, que se misturam harmoniosamente ao verde da copa das árvores, os jovens sapos-voador de Wallace apresentam uma coloração alaranjada com manchas brancas que parece mais um… cocô de pássaro

À primeira vista, essa coloração vivaz dos jovens sapos poderia parecer uma desvantagem, tornando-os presas fáceis para aves predadoras, mas há a genialidade dessa aparência é que imita com precisão cocô de aves frugívoras (que comem frutas), que normalmente possuem tons quentes e manchas brancas. Esta estratégia de camuflagem, que imita objetos inanimados, é conhecida como “masquerade”.

Reprodução: Scientific American – sapos voadores juvenis de Wallace ( Rhacophorus nigropalmatus ). Crédito: Samantha Cloer

Para entender melhor a eficácia dessa tática de sobrevivência, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Viena realizou um estudo inovador em que criaram 640 modelos de cera de sapo-voador, pintados em diferentes esquemas de cores: verde, imitando os adultos; vermelho uniforme, como os jovens; e vermelho com manchas brancas, replicando a aparência real dos juvenis (a do cocô!). Esses modelos foram então submetidos à avaliação de mais de 150 aves no ambiente controlado, mas naturalístico, da casa da floresta tropical do sudeste asiático do Zoológico de Viena.

Os resultados foram surpreendentes: os modelos com manchas brancas foram alvo de predadores metade das vezes em comparação com os de cor vermelha pura, revelando o poder das manchas brancas em desencorajar ataques, um fenômeno que também é observado em outras espécies além desses sapos, como certas aranhas caranguejeiras e a lagarta da borboleta-papilio, o que parece sugerir que  emulam o componente branco-pastoso da uréia do cocô das aves.

Uma pausa no papo de aparência dos bichos pra falar do sono deles! Clica aqui para conhecer o pinguim que dorme 10 mil vezes por dia em sonos de 4 segundos!

Estratégias de criptografia dos sapos voadores ao longo da vida

O sapo-voador de Wallace é notável por empregar estratégias de criptografia distintas em diferentes estágios da vida. Enquanto adulto, utiliza uma camuflagem avançada para se misturar às condições de luz na copa das árvores. Já na juventude, opta por se destacar, confiando que os predadores os identificam como algo desagradável.

Esse fenômeno é conhecido como mudança de cor ontogenética, um processo onde o organismo altera sua aparência para se adaptar a um novo estágio de vida. No caso do sapo-voador de Wallace, essa mudança é particularmente intrigante, pois ocorre na direção oposta do que é comumente observado: de uma cor vistosa (na juventude) para um tom camuflado (na fase adulta).

Reprodução: Scientific American – Sapo voador de Wallace ( Rhacophorus nigropalmatus ) Crédito:  Nature Picture Library/Alamy Stock Photo

Geralmente, cores brilhantes na natureza estão associadas a sinais aposemáticos, que servem como alertas de toxicidade. Exemplos clássicos incluem os sapos venenosos, as borboletas-monarca e alguns tipos de chocos (um tipo de molusco marinho). No entanto, esses sapos jovens não são tóxicos e não estão imitando nenhuma criatura venenosa

O estudo também indica a necessidade de mais pesquisas para compreender completamente esse disfarce “diferentão” dessa espécie de sapo. Aspectos como o tamanho máximo para uma imitação convincente e a proporção ideal de manchas brancas são campos abertos para investigação. Além disso, uma descoberta inesperada foi que os modelos brancos não pintados, que deveriam servir apenas como controle, foram os menos atacados, levantando questões sobre a novidade ou a semelhança com os cocôs.

Essa pesquisa aponta a eficácia dessa aparência esquisita, confirmada por Doris Preininger, coautora do estudo, que lembra que se não fosse isso, “não teríamos sapos-voadores“. 

Fonte: Scientific American

Futuro Relativo

Futuro Relativo

Um espaço de divulgação, de diálogo, de pensar e porque não dizer, de construir o futuro 🪐
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Categorias