Imagine como estão as expectativas de viagem à Lua depois de quase meio século! Pois é, a Rússia está fazendo algo que não fazia há quase meio século, e isso significa um bocado para a ciência.
A espaçonave russa Luna 25 acabou de decolar do Cosmódromo de Vostochny em busca de algo valioso. Essa é a primeira viagem à Lua da Rússia desde 1976, que aconteceu com o Luna 24. São 47 anos de espera!
Essa viagem de agora com o Luna 25 não é para os lugares comuns, é para tentar pousar no polo sul da Lua, um lugar frio, misterioso e que, se os especialistas estiverem certos, pode esconder toneladas de gelo de água. A espaçonave é não tripulada e se bem-sucedida a missão seria a primeira a pousar nessa região obscura da Lua, e poderia fincar o pé no início de uma grande atividade lunar que pode envolver vários países e empresas privadas.
Você pode se perguntar: “Por que todos estão obcecados com algum gelo lunar?” Acontece que esse não é apenas um gelo comum. Dados dos últimos anos sugerem grandes depósitos de gelo d’água nos polos da Lua, e é um potencial combustível para foguetes, água potável e ar respirável.
E como se isso já não fosse suficientemente surpreendente, tem mais: Saber mais sobre essa água poderia revelar a história da H2O do Sistema Solar. “Ao entender como a Lua coletou água ao longo do tempo, poderíamos começar a juntar as peças da história da água no Sistema Solar”, diz Simeon Barber, um cientista planetário da Open University em Milton Keynes, Reino Unido. “Podemos começar a fazer perguntas sobre as condições locais perto da Terra enquanto ela estava evoluindo.”
O polo sul lunar está rapidamente se tornando o ponto de encontro cósmico. Além da Rússia, a Índia está se movimentando com o Chandrayaan-3, e a China está esboçando planos para 2026. Até mesmo a NASA está de olho na área com o programa Artemis. O polo sul está começando a parecer mais um bairro cosmopolita do que uma paisagem lunar desolada.
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Essa viagem à Lua da Rússia promete
Luna 25 não vai apenas tentar pousar nesse lugar misterioso, a espaçonave tem um braço robótico que irá cavar cerca de 50 cm no chão da cratera, esperando encontrar algum gelo.
Mas há um debate rolando. Alguns dizem que o local escolhido para o pouso pode estar um pouco quente demais para o gelo. Margaret Landis, uma cientista planetária da Universidade do Colorado, Boulder, sugere que uma cratera mais sombreada dentro do principal local de pouso pode ser mais promissora. Por outro lado ela também afirma que resultado nulo é pode ser tão interessante quanto uma detecção positiva. Então, é meio que uma loteria cósmica, mas, no fim das contas, a ciência é feita desses riscos.
E não para por aí: Luna 25 vai tirar fotos, estudar como o vento solar interage com a Lua e até medir a distância Terra-Lua com precisão de laser. E se tudo correr bem, essa nave pode continuar fazendo seu trabalho por um ano inteiro.
Vamos ser sinceros: o histórico recente de pousos na Lua tem sido acidentado. Com tentativas falhas da Índia, Israel e Japão, e por isso a viagem à Lua da Rússia está rodeada de expectativas.
O fato é que a viagem à Lua da Rússia depois de meio século com o Luna 25 será lembrada nos livros de história e também há uma grande expectativa para ganhar destaque também nos livros de ciência!
(Atualização – 20 de agosto – A missão Luna-25 acabou devido a uma colisão da espaçonave com a Lua. Leia mais no blog do Space Today)
Fonte: Nature