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Xenotransplante marca avanço da medicina: Primeiro fígado de porco em um ser humano dura 10 dias

Um xenotransplante que marcou um avanço significativo na medicina ocorreu no Hospital Xijing da Universidade Médica da Força Aérea, em Xi’an, abrindo novas fronteiras na transplantação de órgãos animais para humanos.

Desafiando os limites da medicina moderna, um homem de 50 anos, clinicamente morto na China, tornou-se o pioneiro a receber um transplante de fígado de porco. 

A operação envolveu o implante de um fígado proveniente de um porco geneticamente modificado em um doador que não tinha função cognitiva, especificamente de uma variedade miniatura de porco chamada Bama (Sus scrofa domestica). Este porco não era um animal comum, ele passou por alterações genéticas visando reduzir o risco de rejeição pelo sistema imunológico humano, incluindo a desativação de três genes responsáveis por proteínas na superfície das células suínas e a introdução de genes humanos com o objetivo de aumentar a compatibilidade. A operação durou aproximadamente nove horas, com o paciente recebendo um tratamento contínuo de drogas imunossupressoras, enquanto seu fígado original foi mantido no lugar.

Durante dez dias críticos, o fígado transplantado não só foi mantido ligado ao sistema circulatório do doador mas também cumpriu uma de suas funções vitais: a produção de mais de 30 mililitros de bile diariamente, um sinal claro de que o órgão estava operando como esperado dentro do corpo humano. 

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A esperança para o avanço da medicina com xenotransplantes

O teste de viabilidade do xenotransplantes dos órgãos de porco para seres humanos traz esperança para muitos pacientes. Na China, por exemplo, onde ocorreu o procedimento, centenas de milhares de pessoas sofrem de insuficiência hepática a cada ano, mas apenas cerca de 6.000 conseguem um transplante de fígado.

O xenotransplante, enquanto conceito, não é novidade. Nos Estados Unidos, corações de porcos já foram transplantados para pessoas vivas, além de corações e rins para vários indivíduos declarados mortos por falta de função cerebral. Entretanto, a singularidade da operação realizada na China reside no fato de ser o primeiro transplante de um fígado de porco para um ser humano, com o órgão transplantado demonstrando funcionalidade dentro do corpo.

O campo do xenotransplante é complexo e carregado de desafios, tanto éticos quanto técnicos. A introdução de órgãos animais em corpos humanos não é uma tarefa simples. Além das questões de compatibilidade genética, há preocupações com a possibilidade de transmissão de doenças animais para humanos. Para mitigar esses riscos, o porco utilizado no transplante foi criado em uma instalação especializada, livre de patógenos, e testado negativo para cerca de uma dúzia de patógenos conhecidos.

O sucesso desse procedimento traz implicações significativas. Primeiramente, ele oferece uma nova esperança para pacientes em espera de transplantes de órgãos, que muitas vezes enfrentam longas filas e a incerteza de encontrar um doador compatível a tempo. Além disso, abre a possibilidade de que órgãos de porco possam ser usados não apenas como uma solução temporária, mas talvez, no futuro, como substitutos de longo prazo.

Críticos e defensores do xenotransplante concordam que ainda há um longo caminho a percorrer. Enquanto um órgão como o coração pode ser considerado como uma bomba e, portanto, mais fácil de ser substituído por um equivalente animal, o fígado realiza funções muito mais complexas, não apenas a desintoxicação do corpo e a eliminação de resíduos, mas também a produção de uma vasta gama de proteínas necessárias para inúmeras funções biológicas.

Portanto, embora o xenotransplante de fígados de porcos possa servir como uma solução temporária, permitindo que o fígado de uma pessoa se regenere após danos causados ​​por álcool ou drogas, ou enquanto espera por um doador humano, a substituição total do fígado por um órgão suíno apresenta uma série de desafios adicionais.

O caminho a seguir para a xenotransplantação será pautado não apenas por avanços científicos e médicos, mas também por debates éticos e regulatórios. A aprovação da família do receptor para este procedimento e o cumprimento das regulamentações nacionais e internacionais mostram a complexidade do ambiente em que esses avanços ocorrem.

A troca de conhecimentos e experiências entre equipes de pesquisa em todo o mundo será crucial para o avanço dessa área. Estudos anteriores, como o conduzido pela equipe de Abraham Shaked na Universidade da Pensilvânia, que conectou o fígado de um porco geneticamente modificado a uma pessoa clinicamente morta fora do corpo, já abriram caminho para essa operação inovadora na China, e a comunidade científica aguarda pela publicação de detalhes completos sobre o procedimento e seus resultados, que poderão oferecer insights valiosos para futuras pesquisas e aplicações práticas de xenotransplante.


Fonte: Nature

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