Inteligência Artificial na educação é assunto que vem sendo visto com muita cautela por educadores e pela sociedade em geral, pelo mundo todo. A partir de 2024, ferramentas de IA, incluindo o famoso ChatGPT, serão permitidas em todas as escolas na Austrália.
Não foi uma decisão às pressas, percebendo que os alunos estavam usando as ferramentas pelo país inteiro, os ministros da educação australianos endossaram um marco nacional para orientação da implementação dessa tecnologia.
Entendendo o marco nacional
A estrutura que suporta a orientação do uso dessa tecnologia, concebida pela força-tarefa nacional de IA, recebeu uma aprovação unânime em uma reunião recente dos ministros da educação, e será divulgada nas próximas semanas.
O Ministro Federal da Educação, Jason Clare, em recente participação em um programa australiano, fez uma comparação interessante. Segundo ele, a presença do ChatGPT é tão fundamental quanto a da calculadora ou da internet nas escolas, e isso significa que é hora de aprender a usar essa ferramenta e tirar o melhor proveito dela.
E ainda que para aparente ser uma iniciativa inovadora, parece que a Austrália percebeu isso um pouco tarde. Enquanto algumas escolas particulares já estão utilizando a IA, outras ainda estão tentando entender como se adaptar. Jason, honestamente, disse que estão tentando se atualizar diante da realidade do uso pelos estudantes no país todo.
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A austrália e sua relação com a IA
Desde o lançamento do ChatGPT, houve uma série de debates na Austrália sobre como abraçar essa tecnologia. Algumas instituições viram a ferramenta como uma valiosa aliada para o aprendizado, outras, mais cautelosas, decidiram por proibições completas, retornando até mesmo aos exames escritos à mão. E, em meio a isso, uma preocupação estava sempre presente: a questão da privacidade e do plágio. Isso ficou evidente quando todas as regiões, exceto a Austrália do Sul, limitaram temporariamente o uso do ChatGPT nas escolas públicas.
Mas agora parece que a Austrália está pronta para avançar nessa jornada. Estados, territórios e setores educacionais não-governamentais se preparam para implementar o marco a partir do próximo ano. Além disso, para garantir que tudo corra bem, haverá um investimento de 1 milhão de dólares na Education Services Australia, que é uma empresa sem fins lucrativos voltada para a tecnologia educacional, e tem a missão de definir as “expectativas do produto” para a IA generativa. E, vale ressaltar, que a instituição apontou que 90% dos fornecedores de produtos educacionais integrarão IA em sua tecnologia nos próximos anos.
Jason Clare trouxe um ponto fundamental em sua entrevista: enquanto há preocupações legítimas, se a inteligência artificial for restrita a setores específicos, como escolas independentes e católicas, estaremos diante de um cenário desigual. Em suas palavras, “se alguns alunos têm acesso e outros não, isso não é justo“.
Já tem até “ChatGPT acadêmico” e outras ferramentas sendo usados dentro das universidades para ajudar os pesquisadores. A inteligência artificial vem tomando os mais variados espaços, até os mais rigorosos como a academia!
A visão internacional da educação e o papel da austrália
Um relatório global lançado pela Unesco este ano trouxe um alerta, destacando que é urgente que haja governança e regulamentação da tecnologia na educação. Há um temor de que sistemas sintéticos substituam a instrução pessoal e liderada pelo professor.
E, em meio a todo esse cenário de avanços acelerados da inteligência artificial, a Austrália tem se destacado. Julie Birmingham, porta-voz do Departamento de Educação, salientou que o país tem sido pioneiro em sua resposta. Além disso, estudos preliminares indicam que a IA pode oferecer sistemas de tutoria inteligente, conteúdo personalizado, recursos direcionados e auxílio a alunos em situação de risco.
O futuro
Julie acrescentou que a força-tarefa de inteligência artificial tem recebido feedbacks claros do setor educacional sobre a necessidade crucial de capacitar os professores para que eles possam introduzir essa tecnologia emergente em suas salas de aula. Afinal, para que a implementação seja bem-sucedida, é necessário que todos estejam a bordo e preparados.
Uma pesquisa publicada pela Nature destacou as perspectivas sobre o uso da IA pelos pesquisadores. Insights importantes podem ser encontrados para o futuro da educação e, porque não dizer, até do mercado. Clica aqui!
A Austrália está revendo seus planos para a educação, a nível escolar, a nível do próprio sistema educacional e a nível nacional, buscando contornar os desafios que possam surgir e preparar todos para esse novo momento com a inteligência artificial.
Reflexões sobre a educação
Diante dessas resoluções da Austrália, fica evidente a necessidade de rever sistemas educacionais pelo mundo todo. A desigualdade percebida entre países pode ser acentuada ainda mais nesse momento onde existe uma dissonância na revisão de como os países vão absorver a inteligência artificial na educação.
Se considerarmos o longo prazo, os abismos podem se tornar ainda mais problemáticos, afinal de contas, a educação é a base do desenvolvimento de uma nação, e é a partir dela que se pode mudar um país, para melhor ou pior.
Fonte: The Guardian
