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Implante de estimulação profunda do cérebro tem sucesso no tratamento de epilepsia infantil

Um novo dispositivo implantado diretamente no cérebro de um menino de 12 anos se mostrou promissor para tratar a epilepsia.  é Esta uma condição que pode ser devastadora, especialmente para crianças e suas famílias. Recentemente, uma inovação médica revelada por um novo ensaio clínico realizado no Reino Unido tem trazido esperança para muitas famílias: um dispositivo implantável que promete reduzir significativamente a frequência e a gravidade das crises epilépticas em crianças.

O dispositivo, recarregável e fixado ao crânio, fornece estimulação elétrica constante ao cérebro. Essa intervenção tem permitido que pacientes como Oran, um garoto de 12 anos, experimentem uma melhoria drástica na qualidade de vida. Oran foi o primeiro paciente infantil no Reino Unido a receber o implante, realizado no Hospital Great Ormond Street em outubro de 2023.

Desde os três anos de idade, Oran sofria com crises epilépticas severas, que frequentemente exigiam reanimação. A gravidade da situação era tão intensa que ele nunca passava um dia sem sofrer uma dessas crises. Antes do início do ensaio, a epilepsia controlava a vida de Oran e de sua família, limitando suas atividades cotidianas e colocando-o em risco constante de morte súbita devido à epilepsia (SUDEP – do inglês Sudden Unexpected Death in Epilepsy).

Em outubro de 2023, Oran passou pela cirurgia para a inserção do dispositivo em seu cérebro. Após sua recuperação, o dispositivo foi ativado em dezembro, proporcionando estimulação elétrica contínua ao seu cérebro, e desde então, a frequência e a gravidade das crises de Oran diminuíram significativamente. Além disso, sua qualidade de vida melhorou imensamente, fazendo-o se tornar mais comunicativo, mais engajado e, finalmente, pôde aproveitar atividades que antes eram impossíveis, como montar a cavalo.

O diferencial do CADET para outros dispositivos de estimulação do cérebro

Ao contrário de outros dispositivos de estimulação cerebral profunda (DBS – do inglês Deep Brain Stimulation) que são fixados no peito e conectados ao cérebro através de fios pelo pescoço, este dispositivo inovador é montado diretamente no crânio, reduzindo o risco de quebra ou erosão dos fios conforme a criança cresce, e também eliminando a necessidade de cirurgias frequentes para substituição.

O dispositivo é recarregável através de fones de ouvido, permitindo que a recarga ocorra enquanto a criança assiste a um vídeo ou interage com um tablet, sem necessidade de cirurgias adicionais a cada três ou cinco anos, como ocorre com outros dispositivos.

O ensaio CADET (Children’s Adaptive Deep Brain Stimulation for Epilepsy Trial) é o primeiro a medir esse tipo de tratamento em crianças com epilepsia. Após o sucesso inicial com Oran, o ensaio planeja recrutar mais três pacientes com síndrome de Lennox-Gastaut antes de expandir para um total de 22 pacientes. Esse estudo é financiado pela Royal Academy of Engineering, GOSH Charity e LifeArc, e patrocinado pela University College London (UCL).

Martin Tisdall, Honorary Associate Professor da UCL e Consultor Neurocirurgião Pediátrico no GOSH, destacou a importância desse avanço. Segundo ele, “Cada dia vemos os impactos limitantes e ameaçadores da epilepsia incontrolável. Pode tornar atividades simples como ir à escola ou assistir a um programa de TV favorito impossíveis.” Tisdall expressou sua felicidade ao ver Oran recuperando sua independência e realizando atividades que antes eram impensáveis.

Oran não é o único em sua família a lidar com a epilepsia. Muitos parentes também possuem uma mutação no gene SCN1B, responsável pelas crises epilépticas. No entanto, enquanto outros membros da família conseguiram controlar suas crises, a condição de Oran se mostrou mais severa, exigindo cuidados contínuos e vigilância constante.

A mãe de Oran, Justine, compartilhou como a condição do filho transformou suas vidas. “Antes das crises, Oran estava atingindo todos os seus marcos de desenvolvimento, mas à medida que as crises se tornaram mais severas, perdemos cada vez mais dele,” relatou. Justine também destacou a importância do ensaio clínico como um “primeiro passo” vital para encontrar uma solução eficaz.

Desde a ativação do dispositivo, a vida de Oran mudou drasticamente. As crises se tornaram menos frequentes e menos graves, permitindo que ele se envolva mais nas atividades diárias e na interação social. “Ele está muito mais comunicativo, mais engajado. Agora que fez 13 anos, definitivamente tenho um adolescente em casa – ele está feliz em me dizer não,” disse Justine. Ela enfatizou que essas mudanças positivas têm um impacto profundo na qualidade de vida de Oran, dando-lhe uma voz e um novo senso de independência.

O sucesso inicial do ensaio CADET promete transformar o tratamento da epilepsia infantil, potencialmente estabelecendo um novo padrão de cuidado. O professor Tim Denison, da Universidade de Oxford, e líder do projeto de engenharia, destacou a importância do dispositivo na exploração de tratamentos para condições de saúde intratáveis.

Enquanto a pesquisa avança, há uma expectativa crescente de que a estimulação profunda do cérebro se torne uma opção padrão para o tratamento da epilepsia pediátrica. Com a expansão do ensaio para incluir mais pacientes, os médicos e cientistas esperam construir uma base de evidências robusta para apoiar a eficácia do tratamento.

À medida que o ensaio CADET avança, há uma esperança renovada de que muitas outras crianças possam se beneficiar desta tecnologia revolucionária, proporcionando-lhes um futuro mais brilhante e saudável.

Fonte: Neuroscience News

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