A inteligência artificial de fato não é algo novo. O que muda agora são as maneiras de interagir com ela, por meio de interfaces amigáveis e acessos disponíveis ao público amplo. Bem longe da primeira versão, o que é disponibilizado hoje é só mais um dos momentos que precedem avanços ainda maiores, que vão impactar cada vez mais como vivemos, nos relacionamos, trabalhamos e, no limite, até como percebemos a nós mesmos.
Em “What Is Artificial Intelligence?“, uma seção do livro “Artificial Intelligence and The Future Of Defense”, encontramos uma linha do tempo com os principais acontecimentos das décadas que nos trouxeram até aqui, e podemos ver que, no mínimo desde 2010 essa “nova realidade” já é muito mais presente em nossas vidas do que pudemos perceber quando ela começou a tomar lugar na nossa rotina. Parece que lutar contra a maior presença dessa tecnologia seria nadar contra a maré.
Essa análise aponta as grandes mudanças até 2010 ao que foi acrescentado aqui o que, pessoalmente, achei um marco tão grande quanto os anteriores na nossa relação com as IAs, a interface amigável dessas IAs e a popularização do uso.
Nós precisamos falar sobre inteligência artificial!
No mesmo documento do HCSS, são levantadas questões sobre as quais vale a pena pensarmos para que nossa adaptação às IAs seja a melhor possível.
Depois da popularização, os espaços de diálogo sobre esses avanços felizmente se ampliaram, mas talvez não na velocidade, nem tanto quanto, a tecnologia continua avançando. Nossa vida está mudando, e a urgência das investigações e conversas sobre limites do uso e até do não-uso das IAs precisam acompanhar essas transformações. Conversas entre pessoas, entre instituições públicas e privadas, buscando envolver todos os que já estão envolvidos direta ou indiretamente, – porque estamos todos, quendo ou não -, nos aspectos educacionais, econômicos e sociais.
6 pontos para pensar nas questões fundamentais da nossa vida com IAs:
1. Aumento de produtividade e qualidade de serviços
Para tarefas repetitivas e rotineiras, aumentando a eficiência e produtividade em várias áreas, como manufatura, atendimento ao cliente e processamento de dados.
2. Tomada de decisão avançada
Devido ao grande volume de dados, fornece insights valiosos para apoiar a tomada de decisões mais informadas e precisas em áreas como finanças, saúde e logística.
3. Melhoria da segurança
Detecção de ameaças e identificação padrões suspeitos em tempo real, contribuindo para a segurança em setores como segurança cibernética, vigilância e defesa.
4. Avanços na medicina
Auxílio no diagnóstico, análise de imagens, descoberta de medicamentos, personalização de tratamentos, melhora precisão e eficácia dos cuidados de saúde.
5. Transformação de setores e empregos
Pode haver mudanças significativas na economia e no mercado de trabalho, com a automação substituindo tarefas e exigindo a adaptação e requalificação.
6. Ética e responsabilidade
Questões como privacidade, viés algorítmico, transparência, controle humano, e muitos outros precisam ser abordados para garantir o uso responsável e ético.
Essas são apenas algumas das principais implicações da IA, e é importante considerar o contexto específico em que a tecnologia está sendo aplicada para compreender completamente seus efeitos, como, quanto e quando absorver tudo isso.
Se não estamos falando sobre inteligência artificial, já estamos atrasados!
Entre aspectos positivos e negativos, precisamos nos engajar (e cobrar engajamento) nessas questões, uma vez que lutar contra isso parece só atrasar os benefícios e dar sorte pro azar. Quanto antes nos aproximarmos, menos riscos estão na mesa.
…E de uma perspectiva mais subjetiva, coloco uma questão cheia de esperança:
Se conseguirmos acompanhar essas mudanças, quem sabe não possamos nos reencontrar com a nossa humanidade, com os valores além dos monetários, aqueles que realmente fazem a vida valer a pena.
Quem sabe, finalmente tenhamos o tão sonhado “tempo sobrando“. Claro que podemos cair, de novo, como em outro momento da História, no pecado de colocar nossa vida a serviço das máquinas para só produzir coisas, em vez de fruir vida.
Nosso tempo é a única coisa que não recuperamos, e quem sabe não possamos redescobrir o valor dele, e esquecer um pouco do seu preço.
…Será que ainda dá tempo?…