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Quem tem medo de inteligência artificial? A criatividade humana comparada à da máquina

A ascensão da ideia de criatividade da inteligência artificial tem gerado reações diversas. De um lado, temos os entusiastas que enxergam inúmeras possibilidades, do outro, há quem sinta um certo desconforto, medo ou ansiedade, ao pensar em um futuro dominado por máquinas. 

Vamos tentar entender um pouco desse alvoroço com algumas perspectivas distintas sobre o assunto.

Em estudos recentes, modelos de IA conseguiram superar uma parcela de seres humanos em tarefas na área da criatividade. Pesquisadores desafiaram 256 participantes online a pensar em usos criativos para objetos como caixas, cordas, lápis e velas, dando-lhes 30 segundos para cada objeto. O mesmo desafio foi apresentado a três grandes modelos de linguagem de IA. Para avaliar a criatividade, dois métodos foram utilizados: um programa automatizado para analisar a “distância semântica” (ou seja, a distância entre palavras e conceitos) e seis revisores humanos treinados para julgar a originalidade.

Os resultados são um tanto surpreendentes: embora as melhores ideias propostas pelos humanos tenham superado ligeiramente as melhores respostas da inteligência artificial, a média geral das respostas da IA foi consideravelmente mais alta do que a média humana. Um exemplo que ilustra isso é a sugestão “parque de diversões para gatos” proposta pelo GPT-4, um modelo de IA, que foi avaliada como mais criativa do que a resposta humana “casa de brincar para gatos“.

A reação a tais descobertas foi imediata, resultando em manchetes sensacionalistas, como “Chatbots de IA já superam a criatividade humana média” e “IA já é mais criativa que você!“. Essas afirmações, juntamente com o crescente uso dessa tecnologia em setores artísticos, têm causado inquietação em profissionais criativos. 

Kat Lyons, que trabalha com animação e cria cenários imersivos para programas de TV, incluindo Futurama e Disenchantment em Los Angeles, expressou suas preocupações sobre o futuro da animação, citando o uso de uma sequência animada gerada por inteligência artificial pela Marvel e Disney como um ponto de inflexão.

Se você não sabe desse uso da criatividade da inteligência artificial pela Marvel que Kat falou, clica aqui pra ficar por dentro!

Não é apenas o mundo da arte que sente esse peso. Mary Alvord, psicóloga da região de Washington, D.C., observa que as preocupações variam desde a perda de empregos até a obsolescência humana, passando por temas como privacidade de dados e oportunidades de trapaça acadêmica.

Falando nisso, clica aqui olha o tamanho do vacilo de alguns pesquisadores em uma revista acadêmica! Nem disfarçaram que usaram o ChatGPT!

Uma outra perspectiva sobre IA e criatividade

Embora a questão da criatividade na IA possa assustar, seria prudente considerar essa evolução tecnológica com uma perspectiva histórica. É importante entender que as conclusões sobre uma nova tecnologia e seu potencial de impacto, – seja na criatividade ou em qualquer outra área – , não podem se deter nas manchetes.

Sanae Okamoto, psicóloga e cientista comportamental do Instituto de Investigação Econômica e Social sobre Inovação e Tecnologia da Universidade das Nações Unidas – Maastricht, nos lembra de temores passados com avanços tecnológicos. Preocupações com “ansiedade do computador” e “estresse tecnológico” não são novas. Houve períodos semelhantes de ajuste e ansiedade com a ascensão da automação industrial. E, embora alguns empregos tenham sido deslocados no passado, muitos dos cenários mais sombrios previstos nunca se materializaram.

É fundamental também entender as limitações atuais. Simone Grassini, uma das investigadoras desse novo estudo e psicóloga da Universidade de Bergen, na Noruega, apontou que a habilidade da inteligência artificial de executar uma tarefa criativa específica não significa que ela pode replicar completamente os trabalhos da criatividade humana. Esses sistemas inteligentes, por mais avançados que sejam, ainda funcionam com base em imitação, e não em inovação autêntica.

Além disso, é importante considerar o quanto a IA pode facilitar a vida de artistas para que consigam das mais vazão às suas demandas em um mercado cada vez mais competitivo. Artistas de VFX em Hollywood usam essa tecnologia e a julgam como muito positiva para a sua rotina! Clica aqui pra ver!

Confrontar os medos associados à inteligência artificial significa compreender suas capacidades e limitações. Assim, podemos convertê-la de uma ameaça desconhecida em um ativo bem compreendido. Com esse conhecimento, também estaremos em posição de advogar por regulamentações e proteções significativas no local de trabalho, que preservem não só a criatividade humana, mas todos os demais aspectos que dêem conta de um uso responsável.

Mesmo com todo potencial, sistemas sintéticos não podem substituir a paixão, emoção e originalidade humanas. Enquanto as máquinas podem imitar, a verdadeira criatividade humana tem origens e propósitos que vão além da simples geração de conteúdo. Sean Kelly, professor de filosofia da Universidade de Harvard, destaca que a verdadeira criatividade humana vem de um desejo profundo de expressar algo.

Nesse cenário com inteligência artificial, onde novas possibilidades se colocam para tantos profissionais, o ser humano ainda é o principal. Seja na arte ou não, essa tecnologia pode ser usada para melhorar o dia a dia, e o fundamental é que estejamos dispostos a olhar com cuidado para os riscos tanto quanto para as oportunidades! 


Fonte: Scientific American

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