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Quanto as redes sociais impactam em atitudes políticas radicais? Entenda a influência das câmaras de eco

A questão dos vieses nas redes sociais tem sido olhada com muito cuidado por especialistas de várias áreas pelos vários impactos em uma sociedade. Com a emergência da inteligência artificial, tem sido ponto ainda maior de preocupação à medida que a possibilidade de geração de conteúdo pode sofrer um aumento muito significativo.

Ah! E é legal ficar atento para essa nova realidade online. Essa produção massiva de conteúdo inclusive facilitou a criação de sites junk, com a finalidade de servir de canal de distribuição de anúncios. Leia mais sobre isso, clicando aqui.

Uma recente pesquisa divulgada pela Nature pode nos dizer um pouco sobre o comportamento dos usuários nas redes e o impacto das câmaras de eco.

E o que é uma câmara de eco? Para simplificar, imagine que você está em uma sala onde todos só repetem o que você diz (parece um pouco assustador, não é?). Essa é uma câmara de eco – um espaço onde você só é exposto a ideias que espelham as suas. No mundo das redes sociais, essas câmaras podem nos deixar isolados de perspectivas diversas, potencialmente polarizando nossas visões, gerando os vieses de confirmação.

Todos nós adoramos rolar nossos feeds de redes sociais, não é mesmo? Os vídeos de gatinhos, as citações inspiradoras, os debates políticos acalorados – tudo faz parte do pacote. Mas, você já parou para pensar no conteúdo com o qual interage diariamente e como isso tem “a sua cara”?

O estudo sobre o qual vamos falar pode nos trazer importantes conclusões para entender a construção de vieses e a influência da exposição a conteúdos de pensamento semelhante ao nosso. Pesquisadores do Facebook, da Universidade de Michigan e de outras instituições renomadas se uniram para explorar essas câmaras de eco, que todos nós já encontramos, mas talvez não tenhamos dado muita atenção.

Manipulando os vieses

Os pesquisadores embarcaram em uma jornada única e fizeram uma troca digital nos feeds de notícias de mais de 3.000 participantes. O objetivo? Ver se essa mudança poderia suavizar algumas atitudes políticas radicais.

No entanto, aqui está a parte surpreendente: a pesquisa descobriu que uma boa parte dos usuários do Facebook é exposta a fontes que traduzem o seu viés pessoal, mas aqueles presos em câmaras de eco extremas – onde mais de 75% de seu conteúdo é de pessoas que pensam como eles – são menos do que pensaríamos.

Mas e se tentassem estourar as bolhas que sustentam esses vieses? É exatamente ao que os pesquisadores deram uma chance, bolando um experimento para reduzir a exposição a fontes de pensamentos semelhantes em cerca de um terço. Isso quer dizer que esses usuários do Facebook se viram lendo histórias de um amplo espectro de tendências políticas, saindo um pouco dos vieses de confirmação das próprias opiniões. 

O estudo examinou o engajamento com o conteúdo de duas maneiras: engajamento total e taxa de engajamento. O engajamento total é definido como o número total de ações tomadas que são definidas como formas “passivas” (cliques, reações e curtidas) ou “ativas” (comentários e compartilhamentos) de engajamento. Já a taxa de engajamento é definida como a probabilidade de engajar com o conteúdo que os participantes viram (ou seja, engajamento condicionado à exposição).

Os participantes do grupo observado tiveram menos engajamento total com conteúdo que confirmavam seus vieses. Por outro lado, taxa de engajamento mostrou que eles interagiram com mais frequência com o conteúdo de fontes de pensamento semelhantes ao qual foram expostos do que o grupo de controle, que não teve o feed manipulado e continuou recebendo o conteúdo com os vieses determinados de forma padrão pelos algoritmos.

Isso aponta que manipular o feed não transformou todo mundo em pessoas de mente aberta, porque embora as  pessoas tivessem interagido menos com conteúdo de pensamento semelhante, vendo menos informações incisivas e falsas, isso não fez muito para alterar suas atitudes políticas.

Reduzir a exposição a conteúdo de pensamento semelhante não mexeu muito no conhecimento político, na ideologia ou na confiança na mídia, mas a exposição a conteúdo ‘cross-cutting’ – isto é, conteúdo de fontes diversas – levou a atitudes mais equilibradas.

Uma alternativa para os vieses nas redes sociais

No final, os pesquisadores sugeriram que os algoritmos de redes sociais poderiam talvez fazer mais para entregar um mix de conteúdo ‘cross-cutting’, para fomentar esses diferentes pensamentos, vieses e perspectivas.

Mas eles também advertiram que os efeitos poderiam ser limitados. As pessoas ainda podem procurar conteúdo de pensamento semelhante, assim como sempre acabamos na nossa cafeteria favorita, mesmo quando juramos que vamos experimentar um lugar novo.

A importância de olhar para a construção de vieses em todo o mundo

Embora a pesquisa tenha sido realizada com americanos, o que não pode ser sobreposto integralmente a uma realidade brasileira, estamos falando de seres humanos, no fim das contas. Estudos como esses, ainda que possam não refletir fielmente nosso cotidiano dada à diversidade entre os países, servem em grande medida para olharmos para nossos próprios comportamentos. 

A exposição a perspectivas diversas pode levar a visões mais equilibradas, e o cenário ideal seria que as plataformas investissem esforços para promover essa diversidade. 

De toda forma, não é um assunto fácil e não há uma solução que sirva para todos os contextos, e menos ainda de forma rápida. Pode ser necessário mais do que alguns ajustes de algoritmo para nos ajudar a escapar de nossas câmaras de eco.

Fonte: Naturepaper completo disponível

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