Mais uma novidade fresquinha da neurociência para tentar desvendar os segredos da nossa mente!
Já parou para pensar sobre como as imagens que surgem na nossa mente são criadas? E já reparou que essas imagens, que parecem tão nítidas, na verdade, precisam de detalhes?
A mente é cheia de mistérios! Você sabia que existem até teorias da neurociência que sugerem que nossos cérebros estão conectados? Já ouviu falar nisso? Clica aqui para saber mais!
Agora, Tomer Ullman, um professor assistente da Harvard University, reuniu algumas pessoas para um estudo em ciência cognitiva. Ele as instruiu: “Imagine a seguinte cena. Visualize-a em sua mente o mais vividamente possível: uma pessoa entra em uma sala e derruba uma bola de uma mesa“. Então, Ullman questionou os participantes sobre nove propriedades de suas imagens mentais, incluindo a cor e tamanho da bola, o formato e tamanho da mesa, e a cor do cabelo e altura da pessoa que entrou na sala. Adivinhe só? A maioria dos participantes só visualizou uma parte dessas propriedades.
Tullman e seus colegas pesquisadores chamaram este fenômeno da falta de detalhes mentais de “noncommitment” (em português, algo como “descompromisso”) com a imagem mental. Mas calma, não tem nada a ver com esquecer o conteúdo da imagem, nem mesmo com nenhum tipo de comprometimento cognitivo, ainda que leve. É só algo que acontece até com quem tem uma imaginação vívida. Essa ausência de detalhes sugere que a nossa imaginação é como um artista talentoso pintando uma cena realista rapidamente – mas ele está com pressa e economiza na tinta!
Falando em comprometimento cognitivo leve, clica aqui para ver como a neurociência tem feito importantes avanços nesse aspecto para colaborar com o diagnóstico precoce do mal de Alzheimer. Muito legal, né?
Voltando à observação da presença dos detalhes em nossa mente, esses estudos da neurociência, além de oferecerem insights sobre a natureza da imaginação, levantam uma série de perguntas intrigantes. Uma delas é o papel do “descompromisso” no debate da imaginação que vem sendo discutido há décadas. De um lado, temos aqueles que argumentam que as imagens mentais são como fotos reais que nosso cérebro usa para raciocinar. Do outro, temos aqueles que afirmam que as imagens são mais como descrições de cenas, e a experiência de ver algo na nossa mente é pura ilusão.
É verdade que algumas pessoas não têm imagem mental, um fenômeno conhecido como “afantasia“. No entanto, a maioria das pessoas diz que vê coisas vividamente em sua mente, e seus corpos até respondem de acordo com o que é imaginado. Por exemplo, quando as pessoas visualizam objetos escuros e claros, suas pupilas se dilatam – a menos que tenham afantasia. Portanto, visualizar coisas em nossa mente parece ter muito em comum com realmente vê-las. Mas, se as imagens mentais são realmente imagens de coisas reais, por que elas precisam de detalhes tão simples?
Os detalhes e a nossa mente
Para entender isso melhor, Ullman e seus colegas realizaram uma série de experimentos nos quais os participantes visualizavam a cena da bola e da mesa e, em seguida, eram apresentados a nove propriedades selecionadas pelos pesquisadores. A maioria dos participantes não visualizou pelo menos dois dos nove detalhes. Isso mostra que as pessoas geralmente não têm consciência de quão pouco detalhe suas imagens mentais contêm até que alguém as questione sobre isso.
Os pesquisadores descobriram uma associação fraca na relação entre a vividez da imaginação das pessoas e o “descompromisso”, sugerindo que uma coisa tem pouco a ver com a outra. As pessoas podem dizer que a imagem em suas cabeças é super vívida, mas quando questionadas sobre a cor da bola, por exemplo, elas dizem: “Ah, eu não me preocupei com isso”.
Isso se encaixa na teoria do esboço (em inglês: “skeletal image”) de Kosslyn, na qual a forma geral é gerada primeiro e outros detalhes são adicionados posteriormente, conforme necessário, sugerindo portanto uma hierarquia na construção de imagens mentais, onde os aspectos espaciais são prioridade, e propriedades como cores são secundárias.
A neurociência desafiando os limites da imaginação
A neurociência aponta que a percepção em si não é infalível. Pesquisas mostram que mesmo coisas bem óbvias, como um gorila numa quadra de basquete, podem passar completamente despercebidas se o foco da atenção estiver em outra coisa. Isso sugere que ainda temos muito a explorar quando se trata de visualização e percepção. Os pesquisadores concordam que ver e visualizar na mente não são exatamente a mesma coisa, e estudos futuros poderão começar a distinguir quando e como eles diferem.
Uma limitação do estudo atual é baseado nos relatos subjetivos dos participantes. Os pesquisadores pretendem analisar aspectos mais objetivos para a neurociência, como, por exemplo, a dilatação da pupila ou imagens cerebrais dos participantes em resposta a determinado estímulo. Mas essas são cenas do próximo capítulo…
Uma coisa muito legal que pode decorrer dessas pesquisas da neurociência, é que além de nos oferecer um vislumbre muito interessante do funcionamento interno do nosso cérebro, podem também ter implicações práticas importantes, como ajudar a desenvolver maneiras mais eficazes de obter testemunhos oculares mais precisos.
A verdade é que a mente e como percebemos o mundo ainda parece ser um mistério sem previsão de conclusões definitivas. Não só a neurociência, mas várias áreas do conhecimento tentam explicar esses os aspectos mais essenciais do que é ser humano. Se será possível fazer isso de uma forma definitiva, ainda é um mistério, mas é inegável que a trajetória é fascinante, não é?
Quer mais neurociência? Então pega a dica!
Pra você que é fã do assunto, tem uma série muito legal da National Geographic, chamada Truques da Mente, que propõe experimentos mentais que a gente pode fazer junto com a galera que tá fazendo na telinha! É muito legal! É para marotonar no fim de semana!
Mas já vamos adiantando… você vai ficar intrigado com as peças que a sua mente pode te pregar!
Fonte: Scientific American