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Cheiro “em estéreo”? Entenda como o cérebro decodifica os aromas

Enquanto sentimos o cheiro do café quentinho pela casa, nosso cérebro está realizando um complexo e fascinante processamento sensorial que só recentemente começamos a entender. Como percebemos os aromas no nosso cotidiano pode parecer algo simples, mas não é.

Antes de começar, já que estamos falando de cheiro… Já tem inteligência artificial que sente cheiro! Quer ver? Clica aqui.

Um estudo publicado recentemente na revista “Current Biology” nos leva para uma viagem através das capacidades surpreendentes do nosso sistema olfativo, revelando como nossos cérebros registram informações sobre os cheiros que encontram, até mesmo a localização espacial deles.

O olfato é frequentemente considerado o mais enigmático dos sentidos, mas o que a pesquisa recente destaca é a nossa capacidade de detectar não apenas a qualidade de um cheiro, mas também a sua origem espacial

O córtex piriforme é uma região do cérebro que se estende pelos dois hemisférios e atua como uma central de processamento para as informações olfativas que recebemos, e até esse estudo, os cientistas não tinham certeza se o córtex piriforme processava os odores em conjunto ou independentemente em cada hemisfério. 

A pesquisa, que contou com a participação de indivíduos submetidos a cirurgias cerebrais enquanto estavam acordados — todos pacientes com epilepsia —, trouxe luz a essa questão. Através de tubos finíssimos, os odores eram administrados a um ou ambos os orifícios nasais, enquanto eletrodos capturavam a atividade no córtex piriforme.

Como o cérebro responde ao aroma

Quando um odor é apresentado a apenas uma narina, a reação do cérebro começa no hemisfério mais próximo da narina ativa, e em seguida, é espelhada pelo lado oposto. Isso sugere a existência de duas “representações de odor” no cérebro, correspondentes a cada narina. Mas quando um cheiro é detectado por ambas as narinas, o cérebro parece reconhecê-lo com maior rapidez, apontando para uma espécie de sinergia entre os hemisférios.

Kevin Bolding, neurocientista do Monell Chemical Senses Center, na Filadélfia, destaca que tal mecanismo cerebral é raramente observado, especialmente através de gravações elétricas diretas do córtex olfativo humano. No caso dos sons, o cérebro compara as informações de cada ouvido para ajudar na localização. No entanto, curiosamente, os seres humanos geralmente não são bons em identificar a direção de um cheiro.

Ao testar a capacidade dos participantes de discernir de qual narina um cheiro estava vindo, os resultados não foram muito melhores do que se eles simplesmente adivinhassem, o que levanta a possibilidade de que o verdadeiro valor de receber sinais olfativos “em estéreo” não é a localização espacial em si, mas sim fornecer um mecanismo de verificação de erros para consolidar a identificação de odores, buscando identificar as fontes dos cheiros ao nosso redor.

Em resumo, a diferença chave entre receber um aroma por uma narina vs. por ambas é que, enquanto o cérebro parece tratar separadamente os sinais de cada narina, ele reage mais rapidamente e talvez de maneira mais integrada quando recebe informações olfativas simultaneamente de ambos os lados.

Antes deste estudo, não estava claro se o córtex piriforme, a região do cérebro responsável por processar informações olfativas, trabalhava de maneira unificada ou independente entre os dois hemisférios cerebrais ao reagir aos odores. Agora fica claro que o cérebro registra e reage a informações olfativas de maneira distinta em cada hemisfério quando um odor é apresentado a apenas uma narina, indicando uma operação inicialmente independente.

Também foi revelado que quando um odor é percebido por ambas as narinas, os dois hemisférios do córtex piriforme trabalham de forma sinérgica, respondendo mais rapidamente do que fariam individualmente, o que sugere um nível de integração e cooperação entre os dois lados do cérebro na identificação de odores.

Ao inalarmos o aroma de nosso café matinal ou sentirmos o cheiro de terra molhada após uma chuva, nossos cérebros não estão apenas desfrutando dessas sensações, estão ativamente envolvidos em um processo de decodificação e entendimento que ajuda a definir nossa percepção do mundo ao redor.

Fonte: Nature

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